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6 de mai. de 2014
A amizade entre mulheres, em sua grande maioria, é falsa?
A amizade é uma disposição humana que acomete a todos. Pode também não ser tão acessível, dependendo da personalidade dos envolvidos. A falsidade entre mulheres pode ser de fato, uma verdade, mas apenas alguns casos, quando a amizade não possui bases sólidas e a verdade ainda não é suportada. Também pode ocorrer entre homens e mulheres, ou seja, não é uma questão de gênero, mas de consciência e amadurecimento da relação.
O desejo é algo que parte do nosso íntimo, e portanto, desejamos muito além do que podemos controlar. A inveja é um sentimento que compartilha nosso lado humano menos evoluído e daí, acontecem essa vontades que atingem o outro, os outros e não nos beneficiam em nada. Apenas mascaram uma realidade: queríamos ser quem o outro é, ter o que o outro tem e assim, fica menos doloroso assumir que a insatisfação é nossa, a dor é nossa, o vazio é o de dentro, que erroneamente será preenchido com aquilo que não nos pertence.
Há uma motivação de competição feminina, que é silenciosamente aprendida, culturalmente ainda ensinada: temos que ser a melhor do nosso grupo, da nossa turma na escola, do balé, da natação.. E não nos dizem que, é possível que exista alguém tão boa quanto, ou mais habilidosa em alguns aspectos. Isso é natural, mas não aprendemos claramente e fica confuso então, crescer e não se destacar como nos disseram para fazer. Não sou assim, não agora, mas já passei - ufa, bem rápido - por esta fase, que me dizia ao pé do ouvido: o da amiga é sempre melhor. E não é, porque não está em consonância com as minhas questões pessoais. É preciso descobrir as minhas prioridades, só minhas, porque prioridades são como digitais, e só.
23 de mar. de 2014
Avaliação Psicológica
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21 de mar. de 2014
Síndrome da Boazinha.
A compulsão
de agradar ainda é um problema de nosso tempo: vivemos um contrato social
em que as pessoas fingem que aceitam os outros, negligenciando a negatividade
que faz parte do ser humano.
Mais comum
entre mulheres por motivos biológicos: elas são mais ligadas à família e aos amigos; o
cérebro delas é preparado para se vincular mais às pessoas. Além disso, ainda
existe um padrão cultural de como a mulher deve se comportar, já que, antes, a
mulher sempre ficava atrás do parceiro. O
desespero e a ilusão de que não vai conseguir ser feliz é tão grande que muitas
mulher aceitam esse comportamento.
A dificuldade de dizer não, nesses casos, está ligada ainda à baixa
autoestima e ao medo de não ser aceito pelos outros ou de passar a impressão de
que age com má vontade diante das demandas alheias.
- Quem diz não é muito julgado, por isso, tanta gente vai se sobrecarregando até sofrer uma estafa ou um transtorno de ansiedade generalizado.
- Reflexão a respeito
do próprio comportamento: já tem meio caminho andando quem sabe que tem
problemas com isso.
- Observar se a
postura do parceiro, dos amigos ou da família não estimula a pessoa a agir
sempre assim.
- Geralmente, a pessoa não está bem sintonizada com suas próprias
necessidades. “Ela só sabe dizer ‘não’ para si mesma.
5 de mar. de 2014
É possível ser feliz sozinho?
Desde pequenas, a maioria das mulheres exercita a feminilidade brincando de bonecas, vestindo roupas e sapatos das mães e sendo princesas ou fadas a espera de um “príncipe encantado”.
Quando a pressão social ou familiar é muito intensa e o indivíduo não dispõe de mecanismos para reagir, há uma forte tendência de envolvimento com pessoas com as quais não se identificam porque projetam a felicidade que querem ter no outro, de forma impulsiva.
O saudável é que as pessoas se proponham a investir no que realmente querem com respeito à fase pela qual estão passando. Assim, afirmo: claro que é possível ser feliz sozinho, assim como é possível ser feliz ao lado de alguém, desde que as prioridades sejam conscientes e equilibradas.
3 de mar. de 2014
O analista [não] fala?
Sou do tipo que fala e cala quando
é preciso. Acredito que há questões de estilo pessoal e profissional. Falo, escuto e também me divirto com
meus pacientes. Afirmo ainda que, não apenas as
teorias, mas a personalidade do profissional irá contribuir fortemente para o
processo, e acredito que a identificação com o profissional, continua sendo a
condição para permanência no processo.
16 de fev. de 2014
Como perceber um episódio depressivo?
De acordo com o DSM
IV (Manual para Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais), os critérios
para o diagnóstico de um episódio depressivo incluem cinco ou mais dos sintomas
que seguem, pelo tempo mínimo de duas semanas, sendo necessário que, pelo menos
um dos sintomas seja “humor depressivo” ou “perda de interesses” nas atividades:
- Humor depressivo
na maior parte do dia (relatado ou observado por outros). Em crianças ou
adolescentes, o humor pode ser irritável;
- Diminuição
acentuada de interesse em todas ou quase todas as atividades, na maior parte do
tempo;
- Perda ou ganho
significativo de peso;
- Insônia ou
hipersonia quase diariamente;
- Agitação ou
retardo psicomotor observável;
- Perda de energia,
quase todos os dias;
- Sentimentos de
inutilidade ou culpa excessiva inapropriada;
- Diminuição da
concentração ou dificuldade de tomar decisões;
- Ideias de
suicídio.
IMPORTANTE:
Todo
diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado.
Cuide-se!
15 de fev. de 2014
Sobre a doença de Alzheimer
1.
Doença de Alzheimer ou DA é a principal causa de demência
na população idosa.
2.
Principais fatores de risco: idade, história familiar,
traumatismo crânio-encefálico, depressão, diabetes mellitus, infarto no
miocárdio com perda da consciência, tabagismo.
3.
Fatores protetores: escolaridade elevada, atividade física regular, atividade mental
constante e diversificada, consumo de peixe (rico em ácidos graxos ômega 3).
4.
Primeiros sintomas: comprometimento da memória episódica (fatos cotidianos,
compromissos, recados, atividades profissionais), desorientação espacial e
dificuldade para encontrar palavras.
5.
Para obter mais informações:
- Associação Brasileira de
Alzheimer (www.abraz.org.br)
- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (www.sbgg.org.br)
- Academia Brasileira de
Neurologia (www.abneuro.org)
- Associação Brasileira de
Psiquiatria (www.abpbrasil.org.br)24 de jan. de 2014
Aspectos psicológicos de Dom Agapito
Livro: O Incrível Testamento de Dom Agapito
Autor: Helder Moura, 2012
Alguns mal-estares crônicos, cristalizados, adotam diversas
formas sintomáticas: teria,
então, Dom Agapito uma doença? Haveria tratamento?
A morte
apresenta-se na história antes mesmo de se saber sobre a vida. A vida de
Agapito, que significa apenas afeição. Afeição que talvez faltasse e, de falta
em falta, não encheu a satisfação, não permaneceu até o fim do papo.
Só se deseja o
que não se tem; só se deseja porque não se tem. Assim, a falta e a
incompletude, por um lado, e o diferente e o novo, por outro, faziam a vida do Agapito palpitar;
avivavam a curiosidade e ativavam o circuito das pulsões. Os prazeres
levaram-no ao acúmulo.
Dizia que seu coração jamais seria de
apenas uma mulher, então abordava muitas, numa tentativa desenfreada de
reafirmar sua masculinidade e, se não havia preservação no ato – pois não se
sabe - poderia ser uma necessidade sem limites de dar continuidade à sua linhagem.
Ainda havia uma forte transgressão de
personalidade que o levava a não cumprir regras sociais e não respeitar
religiosidade alguma.
Um anarquista do amor e audacioso
sedutor, tinha interesse principal em civis proibidas e, socialmente,
demonstrava o contrário, pois comportava-se de forma agradável com os pares,
mesmo aqueles invejosos que lhe atacavam silenciosamente.
Narciso afogou-se na própria imagem e
Agapito tendia ao mesmo narcisismo, diante da sua insensibilidade alheia,
preocupando-se apenas com o seu ‘bel prazer’. Assim, era acometido de
donjuanismo com doses de Sociapatia ou transtorno Anti-Social da Personalidade.
Ainda, uma acentuada imaturidade afetiva, acompanhada de Atividade Sexual Compulsiva. O tipo príncipe desencantando,
com suas ações teatrais, castelo e tudo mais.
A conquista parecia reforçar a autoestima,
entretanto, de forma ineficiente. Numa personalidade bem estruturada, a atitude
conquistadora acaba, supostamente antes do fim da vida. No caso de Agapito,
parece que a Sedução
Compulsiva o seduziu primeiro, tornando-o vítima de seu próprio fantasma: um trabalhador incansável do
amor-paixão.
Agapito conversava muito com seu amigo
Aparício, sobre o sentido da vida. Talvez ele estivesse procurando este sentido
ou descontente com aquele que havia encontrado.
As fórmulas de compromisso que
constituiu para a própria vida fracassaram; nem a felicidade nem a
tranquilidade foram viáveis... Faltou a Dom Agapito um bom diálogo num divã,
para que tivesse a chance de passar sua existência a limpo, como condição
necessária para retificar seus sentimentos e pesares. Afinal, morrer de angústia não tem graça nenhuma.
16 de jan. de 2014
Dicas para uma entrevista de emprego
Entrevista cedida para o blog Contabilidade e Métodos Qualitativos,em 25 de setembro/2013
Para um bom desempenho comportamental num processo seletivo, faz-se
necessário seguir certos padrões comportamentais que irão colaborar na
conquista de uma nova oportunidade de trabalho. São eles:
- Conheça a empresa que está oferecendo a vaga;
- Planeje o seu dia para não chegar atrasado na entrevista, o ideal é apresentar-se 10 minutos antes do horário agendado;
- Desligue o celular, ou mantenha no silencioso, pois um celular que toca durante uma entrevista de emprego pode ser visto como uma falta de interesse por parte do candidato a vaga;
- Como as empresas têm diferentes códigos sobre trajes, é importante descobrir com antecedência o estilo da mesma para saber que roupa é mais indicada nas entrevistas;
- Não fale mal do antigo emprego ou chefe; respeite as experiências que vivenciou;
- Se questionado sobre o motivo que o levou a abandonar o emprego anterior, seja discreto na resposta, mas não engane quanto à real situação;
- Não crie habilidades que você não possui; eventualmente, até conseguirá a vaga, mas, com certeza, perderá o emprego e marcará negativamente sua carreira.
- Seja um bom ouvinte. Não interrompa o entrevistador em hipótese alguma;
- Evite falar mentiras ou gírias;
- Tenha atenção especial à linguagem, evitando cometer erros de português, tanto na comunicação oral, quanto na escrita.
- Questione se houver dúvidas demonstre interesse em relação à oportunidade;
- Reflita com antecedência sobre seus pontos fortes e fracos, todos temos ambos, então, não responda que possui “apenas qualidades” ou “apenas defeitos”.
- Se achar necessário, fale sobre sua carreira em frente ao espelho, apenas com o objetivo de sentir-se confortável com a construção oral de um discurso.
A linguagem não verbal também influi na percepção do candidato, pois é
uma representação do nosso mundo interior e pode indicar características
da personalidade: manter os braços cruzados e olhar o relógio toda hora
são indicativos de uma pessoa fechada e ansiosa; entretanto,
cumprimentar com um aperto de mão firme e manter contato visual com o
entrevistador são atitudes simples, mas que podem ser positivas na
avaliação do candidato.
Por fim, seja flexível às situações que podem surgir a fim de destacar-se frente aos outros participantes. O importante é agir naturalmente, buscando um equilíbrio entre a imagem que quer passar e o que a empresa precisa para escolhê-lo.
14 de jan. de 2014
Com que roupa eu vou?
Consciente ou inconscientemente, ao ficar em frente às suas roupas e
acessórios, você escolhe falar alto sobre a sua sexualidade ou mascará-la em
alguma camada de tecido. As roupas
representam uma ponte entre os mundos externo e interno; talvez um desejo de
querer ser visto, “aparecer”, assim como na infância acontecia, através de como
éramos vestidos pelos nossos pais; um desejo de que as pessoas precisam elogiar
as crianças, para assim, massagear o ego dos pais, é internalizado.
Antes de nos
apresentarmos oficialmente a alguém, as roupas fazem este papel, dizendo sobre
nós, sem precisar de palavra alguma, pois o vestuário tem o objetivo de
despertar o olhar do social.
Vestir algo específico
é escolher “como eu quero ser”, ou “como desejo que os outros me vejam”, pois
sobre a “segunda pele” temos este controle, apenas sobre a segunda. Ainda, é
possível que seja uma forma de mascarar o que é real: preto para emagrecer,
listras para alongar, decote para valorizar, e etc. Assim, muitas vezes, o vestuário
é colocado acima de valores, demonstrando para aqueles que assim procedem que
para ser é preciso ter, ou seja, ter é ser.
Não
é uma questão de certo ou errado, apenas um convite à reflexão, buscando uma
compreensão do significado dos nossos atos e equilibrá-los com os nossos
objetivos e, óbvio, com as consequências das nossas decisões.
27 de set. de 2013
Fobia ou Ansiedade Social
Segundo a Organização Mundial de Saúde, é
grande o número de pessoas com sintomas de “fobia social” ou “ansiedade
social”: medo intenso e irracional de situações sociais diversas, acarretando
“prejuízos” afetivos e/ou profissionais. A sociedade cobra do indivíduo que ele
seja “capaz” perante os outros, melhor perante os outros e, isso pode acarretar
uma exigência superior aos limites de muitas pessoas. Assim, qualquer situação
que sinalize estar diante de outros que apresenta uma espécie de desacordo com os
próprios sentimentos, uma vergonha de si mesmo, por não sentir-se pronto para
agradar conforme as regras sociais sugerem.
Sim, para este quadro faz-se necessário tratamento,
pois pode ainda, desencadear outras comorbidades/ problemas associados.
14 de abr. de 2013
O que louco? O que é normal?
Normal é um padrão, uma norma que criaram sobre coisas, atitudes, situações, onde estas podem ser naturais ou não, tornando-se comuns pela frequência com que acontecem... E depois veio alguém e disse: "normal!" Louco é tudo quilo que não é normal, que está foram dos padrões... Mas se o padrão dos loucos é a loucura, então normalidade para eles, certo? Se for assim, não existe loucura, apenas diferenças de considerações sobre esta normalidade, onde as pessoas comportam-se de maneira adequada em relação àquilo que acreditam. Se não for assim, é uma pena... Todas as pessoas mais importantes da humanidade - aquelas que conseguiram grandes feitos - tiveram que ir de encontro a padrões e, portanto, foram loucas... Ou não? Se fora assim, pensamentos diferentes devem ser engavetados para um dia a história desvendar e, assim, evita-se em vida, ser taxado de louco...
O que você prefere: ser considerado um louco que ficou famoso depois da morte ou ser um normal infeliz durante a vida? Algumas pessoas definem o que não sabem definir, conversam sobre o que nem entendem direito, só para assegurar um status... Mas a qualquer momento, a máscara cai. E se tinha máscara, é louco ou é normal?
Friedrich Wilhelm Nietzsche, um dos principais pensadores do século XIX, dizia que "o homem precisa de um pouco de loucura para cortar a própria corda e ser livre"... Porque normal não significa necessariamente o correto.
Mas a gente se acostuma , e vive achando que é normal e não quer se louco, já que ser louco não é normal... Ou vive achando que está louco, desejando ser normal, já que ser normal é... Mais normal. Ou não?
12 de abr. de 2013
O silêncio que fala.
Ela chegou em silêncio na sala. E em silêncio permaneceu pelos 40 minutos que seguiram.. Nem ao menos balançava a cabeça para discordar do que eu falava. Sinceramente, fiquei incomodada internamente, os minutos não passavam.
Percebi então, que ele não calava-se por vergonha ou desconforto, era um silêncio que encarava o meu discurso, como se dissesse: não importa o que fale, não vou me abrir pra você...
Então mudei os planos e disse que poderíamos finalizar a sessão e ele não seria obrigado a voltar, era uma decisão pessoal, individual, embora eu a considerasse importante.
"- Estou ouvindo, pode continuar..."
E foi assim que iniciamos: com o seu silêncio intenso e um comportamento que demonstrava exatamente o contrário do que realmente queria.
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Eu era apenas um divã.
Eu era apenas mais um divã.
Até que comecei a guardar soluços e segredos de pessoas que se apoiaram em mim.
Eu não era apenas um divã.
Eu fui o lugar secreto daqueles sofrimentos.
- Por Mayara Almeida -
2 de mar. de 2013
O ser humano move-se internamente de acordo suas placas tectônicas.
E na análise, investigamos a possibilidade de algum terremoto interno.
1 de mar. de 2013
Discurso (im) perfeito
O diálogo
dele era todo pronto, pouco espaço para a respiração, tudo devidamente decorado
para não chocar, ou para impressionar mesmo. Queria saber quanto tempo ficaria,
quanto tempo levaria. Só que não. Não é assim que funciona o processo.
Precisava resolver rápido e precisava de alguém para colocar a responsabilidade
da decisão: “eu consigo resolver, mas me disseram que seria legal se eu viesse,
então eu vim”. Ele veio sim, e precisávamos descobrir o porquê, pois em seu
discurso perfeito não havia nada que o incomodasse tanto, ou impedisse de
dormir tranquilo à noite. Foi aí que houve um ato falho ou muito assertivo para
a análise: “eu tenho medo de... Quer dizer, eu não tenho medo de nada, medo não, não mesmo”.
“Será?”
Foi a única palavra que ele ouviu antes de disseminar um novo discurso, que
incluía ser fraco, insuficiente e instável e, por isso, vestia-se no papel de
homem perfeito, ao menos nas palavras; não tinha alguém ao lado porque não
queria demonstrar a inconstância quem também não sabia como lidar.
Fizemos
do espaço e tempo disponíveis uma ponte para a realidade, pois o que ele estava
vivendo era algo imaginário e inseguro, precisava ser ele mesmo, aceitar-se em
si, perfeitamente imperfeito, no ato e no discurso.
24 de fev. de 2013
O que pediu não era o que queria
Ela já chegou cansada. Cansada de outras
análises que “não me ajudaram em nada e não sei se aqui vai ser diferente, não
sei”. E neste momento, as lágrimas começaram a cair. Não quis usar o lenço para
limpá-las, e o pranto aumentou por alguns minutos. Parecia que não se permitia
chora há tempos; estava realmente exausta. Relatou sobre a sua dificuldade em
permanecer fiel ás amizades que tinha... Tinha, pois já não contava mais com
elas. Disse que queria virar nuvem, observar tudo do alto e ser quase que
intocável. E falou por trinta minutos sem parar, exceto pelas interrupções de
choro que vez ou outra, em meio às palavras, visitavam seu discurso “eu disse
que queria ficar só, eu pedi isso, quase implorei, mas na verdade não era o que
queria”. Este fato estava fazendo morada dentro dela, enraizando tudo que não
deveria. Parecia bem difícil ter que assumir a ideia de viver uma relação
estável e segura, parecia ter uma vontade que não sabia como se fazer real.
E fomos pelo caminho mais difícil,
porque era o único naquele momento, passando por cima de dores, ao lado de
desamores até chegar ao lugar que realmente desejava e poderia suportar. Ela
estava, enfim, descansando de suas próprias angústias.
23 de fev. de 2013
A garota que não sabia ler
Ela supervalorizava o sexo na relação. E
cobrava de si o tempo inteiro, buscando sempre novidades que pudessem
impressionar o parceiro. Um dia ele disse que a fantasia não era necessária,
mas ela já estava vestida, na roupa e na expectativa. Ele não queria, não
precisava de nada daquilo, só desejava estar com ela, dormir ao lado e viver o
dia-a-dia. Por ele, ela chegando em casa e sentando ao lado para tomar um
chá, já seria suficiente. Mas ela não gostava de chá e não sabia ler. Não sabia
ler o que seu próprio íntimo dizia, os recados que enviava, através dos
“tombos” emocionais que levava. Ela só queria atuar e escrever, sem nem ao
menos saber ler... Ler a si mesmo, antes de qualquer outra tradução.
Ali fizemos treinos
de si mesma, e ela saberia interpretar melhor a sua própria condição de mulher,
parceira e menina. Ali aprendeu a ler seu alfabeto emocional e cuidou em juntar
as letras e formar suas primeiras palavras, seu discurso afetivo e individual.
Saber de si para então, saber do outro.
22 de fev. de 2013
Quanto atraso neste nosso avanço...
Sim, a imagem acima não é montagem, ou algo do tipo. Esta foi uma cena registrada aqui neste Brasil. Não estou interessada em citar o lugar onde isto aconteceu, porque poderia ter sido em qualquer cidade que nos rodeia, então, poupo minha escrita neste aspecto. Mas sinto, sinto muito por esta pessoa que foi submetida a esta situação. Sinto também pelos transeuntes ao redor dele, observando, e talvez comentando o movimento que aquilo provocou. Sinto por quem cometeu este ato, que por algum momento acreditou que podia, que tinha este direito e que salvava a si e ao demais. O fato é que este moço que aparece amarrado na imagem, fez um "surto", ou seja cometeu atos considerados ilegais e agressivos à sociedade: ele teria quebrado as vidraças de uma loja, pois possui problemas mentais. Soldados alegaram que não poderiam transportá-lo considerando seu estado mental; pessoas que tentaram ajudá-lo foram impedidas pelos homens que o prenderam. Negro, pobre e... Louco? Por isso é permitido submetê-lo a tal situação ridícula, considerando o "avançado" mundo atual? Se existe algo que não quero perder enquanto vida eu tiver, é o respeito pelas pessoas, a vontade de ajudá-las a se aceitarem e melhorarem se preciso for, e não permitir que uma atrocidade desta se realize. Podia se um de nós ali... Poderia ser o meu desespero entre aquelas cordas, e isso me faz refletir muito sobre este acontecimento e tantos outros... E a sociedade acostuma-se a ver e nada fazer; sem reação, menos confusão... Será? Eu só sei que não gostei, não aprovo e me entristeço com este atraso diante de tanto avanço divulgado.
15 de fev. de 2013
Toda realidade em si, tem um limite.
A realidade é espaço limitado para todos. É um avesso dos contos de fadas. Mágica, só se for aquela de tirar a moeda atrás da orelha
de alguém quando já estamos com a moeda em mãos.
A vida que se apresenta no setting terapêutico é tal e qual
a representamos fora dali: confusa, calma, agressiva, linda, depressiva,
invasiva ou insuficiente...
Há pessoas que se relacionam, mas não amam; há outras que amam
em silêncio e não se relacionam.
Aprendo diariamente com os pacientes que atendo, que
emprestam suas dores e angústias cada vez que estão ali, absortos ou não, num
momento que marca uma passagem de um antes para um depois repleto de
possibilidades. Aprendo a escutar, a perguntar, aos outros e à mim... Recebo as
ansiedades e lágrimas que abraçam a almofada, colocada ali para ocupar um
espaço simbólico que logo passa a ser concreto, quando alguém ocupa o espaço ao
lado.
E como eu dizia, toda realidade em si, tem um limite...
9 de nov. de 2012
Existe amor sem ciúme?
De acordo com o Sr. Freud, existerm três tipos de ciúme passíveis de manifestação:
1 - Ciúme por medo de perder o ser amado e que surge pela concorrência com o (a) rival (Narcisismo);
2 - Ciúme por projeção inconsciente dos nossos desejos infiéis (Paranóia);
3 - Cíúme por uma homosexualidade negada, como se pensasse: "não é o outro que ama o rival, sou eu" (Delírio).
Visto dessa forma, o ciúme não é adequado em nenhum aspecto, entretanto, me pergunto: e o ciúme é componente do amor, então é bom? Pois amar e não sentir que o outro pode ser finito, requer mais, muito mais que segurança, transcende algo que não há como se explicar num trecho: a individualidade. Se você consegue amar e não sentir ciúmes, esse é você, não a regra.
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