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12 de abr. de 2025

Adolescência e Redes sociais

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1. Na série "adolescência", da Netflix, é abordado o tema da cultura online e o impacto das redes sociais na vida dos jovens de hoje, a senhora, como psicóloga, como enxerga a falta de acompanhamento dos pais nas comunidades virtuais?

Esta é uma questão extremamente relevante e complexa, especialmente no contexto da saúde mental e do desenvolvimento dos adolescentes na contemporaneidade. A série "Adolescência" nos oferece um importante ponto de partida para essa reflexão, sendo fundamental que pais, educadores e profissionais da saúde mental estejam atentos a essa realidade e busquem formas de intervir de maneira eficaz. A falta de acompanhamento parental nas comunidades virtuais é um fator de risco significativo com implicações profundas e considero os seguintes aspectos:

1. O Adolescente e a Busca por Identidade e Pertencimento: na adolescência, há um intenso processo de construção da identidade e uma necessidade visceral de pertencimento a grupos e as comunidades virtuais oferecem um palco vasto para essa busca, onde os jovens podem experimentar diferentes facetas de si mesmos, interagir com outros que compartilham interesses e encontrar validação externa. Sem a presença parental como um "outro significativo" que ofereça um olhar ancorado na realidade e nos valores familiares, os adolescentes podem se perder em identificações superficiais ou idealizadas, influenciados por dinâmicas muitas vezes desconhecidas e potencialmente prejudiciais.

2. A Natureza das Relações Virtuais: as relações online, embora possam ser genuínas em alguns aspectos, frequentemente carecem da riqueza da comunicação não verbal, do contexto situacional e da história compartilhada que caracterizam os relacionamentos offline. A falta de acompanhamento parental impede que os pais ajudem seus filhos a discernir a autenticidade das interações online, a identificar possíveis predadores ou influências negativas e a desenvolver um senso crítico em relação ao conteúdo que consomem e compartilham.

3. O Impacto na Saúde Mental e Emocional: a exposição constante a padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade nas redes sociais pode gerar sentimentos de inadequação, ansiedade, depressão e baixa autoestima. O cyberbullying, a exclusão online e a pressão por engajamento constante são outras fontes de sofrimento psíquico. Sem a mediação e o apoio dos pais, os adolescentes podem internalizar essas experiências negativas, desenvolvendo quadros clínicos mais graves e dificuldades em lidar com suas emoções de forma saudável.

4. A Dinâmica Familiar e a Comunicação: a falta de acompanhamento no mundo virtual muitas vezes reflete uma lacuna na comunicação e no vínculo entre pais e filhos no mundo offline. Uma relação parental aberta e de confiança é fundamental para que os adolescentes se sintam seguros para compartilhar suas experiências online, suas dúvidas e seus medos. Quando essa comunicação falha, o mundo virtual se torna um território desconhecido e potencialmente perigoso, onde os pais perdem a oportunidade de exercer sua função protetora e orientadora.

Assim, a ausência dos pais como figuras de referência no ambiente virtual priva os adolescentes de uma importante fonte de regulação emocional, de validação e de internalização de modelos de relacionamento saudáveis. Isso pode impactar a forma como eles constroem seus relacionamentos futuros, tanto online quanto offline, deixando-os vulneráveis a uma série de riscos, comprometendo seu desenvolvimento emocional, social e psíquico.

É crucial que os pais busquem se informar sobre o universo online de seus filhos, estabeleçam um diálogo aberto e honesto, definam limites saudáveis e ofereçam um espaço seguro para que possam compartilhar suas experiências e desafios. Não se trata de proibir o acesso, mas de participar ativamente desse mundo, oferecendo um olhar cuidadoso e uma presença que possa auxiliá-los a surfar por essas águas, por vezes turbulentas, de forma mais segura e consciente.

 

2. Qual a importância que os jovens consideram ao tentar manter uma imagem positiva nas redes sociais?

Esta é uma questão central para compreendermos a dinâmica da adolescência e da juventude na era digital, pois a manutenção de uma imagem positiva nas redes sociais é multifacetada e profundamente ligada às necessidades de desenvolvimento e às dinâmicas relacionais que os jovens vivenciam. Destaco alguns pontos cruciais:

1. Busca por Validação e Aceitação: a adolescência, a busca por aceitação e pertencimento a grupos é uma necessidade fundamental. As redes sociais se tornam um palco onde essa busca se intensifica e se torna mais visível. Uma imagem positiva, com muitos "likes", comentários favoráveis e seguidores, é frequentemente interpretada como um sinal de aceitação e validação por seus pares. Essa validação externa pode influenciar significativamente a autoestima e o senso de valor pessoal dos jovens.

2. Construção da Identidade: como mencionei anteriormente, nas redes sociais, os jovens têm a oportunidade de experimentar diferentes "versões" de si mesmos, de explorar seus interesses e de se apresentar ao mundo da maneira que desejam. Desta forma uma imagem positiva online pode se tornar parte dessa identidade em construção, como forma de se definir e de ser reconhecido pelos outros.

3. Medo da Exclusão e do Julgamento: o medo de ser excluído ou julgado negativamente pelos seus pares é uma poderosa força motivadora na adolescência. Uma imagem negativa nas redes sociais, seja por um comentário inadequado, uma foto considerada "fora de moda" ou a falta de engajamento, pode gerar sentimentos de vergonha, isolamento e ansiedade social. Manter uma imagem positiva é, portanto, uma forma de se proteger dessas experiências dolorosas.

4. Idealização e Comparação Social: as redes sociais frequentemente apresentam um cenário idealizado da vida dos outros, com filtros, edições e a seleção dos melhores momentos. Os jovens tendem a se comparar com essas imagens idealizadas, o que pode levar a sentimentos de inadequação e inveja. Tentar manter uma imagem positiva para si mesmos pode ser uma forma de se equiparar a esses padrões percebidos e de evitar se sentir inferior.

5. Influência da Cultura Online: a cultura online, com seus códigos, tendências e expectativas, exerce uma forte influência sobre os jovens. Manter uma imagem positiva pode ser visto como uma forma de se adequar a essa cultura, de "jogar o jogo" das redes sociais e de obter reconhecimento dentro desse contexto.

6. Busca por Autonomia e Individualidade: embora busquem a aceitação do grupo, os adolescentes também estão em processo de individuação e de busca por autonomia. A forma como se apresentam online pode ser uma maneira de expressar sua individualidade e de se diferenciar dos outros, dentro dos limites aceitáveis pelo seu grupo social.

7. A Importância do "Capital Social" Online: no mundo digital, a imagem positiva pode ser vista como uma forma de "capital social". Ter muitos seguidores, curtidas e comentários pode abrir portas para novas conexões, oportunidades e um senso de influência dentro da sua rede.

É importante ressaltar que essa busca por uma imagem positiva online muitas vezes reflete dinâmicas relacionais offline. Jovens que se sentem inseguros, não validados ou com dificuldades de relacionamento no mundo real podem depositar uma importância ainda maior na sua imagem virtual como uma forma de compensação ou de busca por reconhecimento que lhes falta em outros contextos.

Em suma, a importância que os jovens atribuem à manutenção de uma imagem positiva nas redes sociais está intrinsecamente ligada às suas necessidades de aceitação, construção da identidade, evitação do julgamento e busca por um lugar no mundo social, tanto online quanto offline. Compreender essa dinâmica é fundamental para que pais, educadores e profissionais da saúde mental possam oferecer um suporte adequado e ajudar os jovens a desenvolverem uma autoestima mais sólida e menos dependente da validação externa virtual.

 

3. Como o uso excessivo do ambiente virtual pode influenciar nos casos de violência entre jovens?

Esta é uma questão importante e reflete uma crescente preocupação na clínica e na pesquisa sobre o desenvolvimento juvenil. O uso excessivo do ambiente virtual pode influenciar os casos de violência entre jovens de diversas maneiras:

1. Normalização e Dessensibilização à Violência: a exposição constante a conteúdos violentos online, como vídeos de brigas, agressões virtuais (cyberbullying) e até mesmo simulações em jogos, pode levar a uma normalização da violência. Os jovens podem começar a considerar comportamentos agressivos como comuns ou até mesmo aceitáveis, diminuindo sua sensibilidade ao sofrimento da vítima e às consequências de seus próprios atos. Essa dessensibilização pode reduzir a empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro, facilitando a ocorrência de comportamentos violentos tanto no ambiente virtual quanto no real.

2. Aumento da Agressividade e da Hostilidade: a exposição a conteúdos violentos em mídias interativas, como alguns jogos online, pode levar a um aumento da agressividade, da hostilidade e de pensamentos violentos nos jovens. A imersão nesses ambientes e a identificação com personagens agressivos podem influenciar suas próprias inclinações comportamentais. A frustração e a raiva experimentadas em jogos competitivos ou em interações online negativas podem transbordar para o mundo real, contribuindo para conflitos e atos de violência.

3. Facilitação do Cyberbullying e da Agressão Indireta: o anonimato e a distância proporcionados pelo ambiente virtual podem encorajar comportamentos agressivos que os jovens talvez não manifestassem em interações face a face. O cyberbullying, por exemplo, permite a disseminação de mensagens e conteúdos humilhantes ou ameaçadores de forma rápida e para um grande público, causando sofrimento significativo às vítimas. A agressão indireta, como a exclusão de grupos online ou a disseminação de boatos, também pode ser facilitada pelo ambiente virtual, causando danos emocionais e sociais que podem escalar para conflitos mais diretos.

4. Exacerbação de Conflitos Existentes: a ambiente virtual pode servir como um palco para a escalada de conflitos que já existem no mundo offline. Discussões iniciadas online podem rapidamente se intensificar devido à falta de nuances na comunicação virtual e à dificuldade de interpretação das emoções do outro. Provocações e "desafios" online podem levar a confrontos físicos no mundo real, impulsionados pela necessidade de validação do grupo virtual ou pela dificuldade de recuar diante de uma audiência online.

5. Influência de Grupos e Subculturas Online: jovens podem se envolver em grupos ou subculturas online que valorizam a violência, a rivalidade e a agressão como formas de afirmação ou de resolução de conflitos. A identificação com esses grupos e a busca por aceitação dentro deles podem influenciar seus comportamentos no mundo real. A pressão do grupo online e o medo de serem excluídos podem levar os jovens a participar de atos de violência, mesmo que não concordem com eles individualmente.

6. Distorção da Percepção da Realidade e das Consequências: o tempo excessivo gasto no ambiente virtual pode levar a uma distorção da percepção da realidade e das consequências dos atos violentos. A fronteira entre o virtual e o real pode se tornar borrada, especialmente para jovens mais vulneráveis ou com dificuldades de discernimento. A falta de feedback imediato e empático em algumas interações online pode diminuir a compreensão das consequências de seus atos sobre os outros.

É fundamental considerar que o uso excessivo do ambiente virtual, muitas vezes ocorre num contexto de fragilidades nas relações familiares, como falta de supervisão parental, dificuldades de comunicação familiar, isolamento social ou experiências de violência pregressas. O mundo virtual pode, então, se tornar tanto um refúgio quanto um catalisador para a expressão de angústias e conflitos. Assim, o uso excessivo do ambiente virtual pode influenciar negativamente os casos de violência entre jovens através da normalização, do aumento da agressividade, da facilitação de novas formas de violência e da exacerbação de conflitos preexistentes. Fortalecer as relações interpessoais no mundo real como forma de prevenção e intervenção, é um caminho saudável.

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20 de out. de 2020

Entrevista - Abuso Infantil

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Matéria publicada originalmente em outubro no site: Polêmica Paraíba

1. O que pode ser definido por abuso ou violência sexual? 
O abuso infantil é toda forma de violência física e/ou emocional/psicológica, maus tratos, negligência, exploração comercial, sexual, resultando em dano real ou potencial à saúde, sobrevivência e desenvolvimento da criança em situação de curto, médio e longo prazo.

2. Por que as crianças se calam, após o abuso?
Porque falar dói. Porque falar sobre o assunto pode não ser acreditado pelo responsável. Porque se a criança não tem espaço de fala para outros assuntos, delicados ou não, por que seria fácil falar sobre uma situação invasiva sem a certeza de ser ouvida? Porque sentem vergonha, por acreditarem que é culpa delas (e jamais, nunca é). Porque inúmeras vezes (em sua grande maioria) o abusador é um familiar e isto gera desconforto e medo de desapontar a família. Porque a criança não compreende o que está acontecendo e pode ser manipulada a acreditar que não é um problema.

3. A maioria das ocorrências acontecem mais em meninos ou meninas?
Ainda não há uma resposta exata, mas já sabe-se que o número de meninos abusados é bastante subnotificado, e isso se deve à nossa cultura, que naturaliza o abuso feminino e, daí, os casos de meninos assediados não vem à tona por conta do constrangimento em assumir que eles passaram por isso e discretamente ser mascarado, o que também é terrível.

4. Existe um perfil específico de um abusador?
As pesquisas ainda informam que quem comete abusos, não apresenta um perfil ou comportamento específico, assim, qualquer pessoa pode ser um potencial abusador e/ou explorador. O comportamento tem origem sabidamente multifatorial e envolve a complexidade de vários fatores: alguns procuram por crianças de pais solteiros, que não estão tão disponíveis para dar muita atenção e geralmente usará vários truques e linguagens para ganhar a confiança e/ou enganar a criança.

5. Quais as consequências disso na vida adulta?
A criança pode ter problemas que envolverão pesadelos, dificuldades para dormir, mudança de hábitos alimentares; pode apresentar condutas de autolesão, depressão, ideias suicidas, ansiedade, altos níveis de desesperança e níveis mais elevados de sintomas de estresse pós-traumático. São alterações que variam em tempo e intensidade e resultam em grande sofrimento emocional.

O abuso infantil é um dos problemas de saúde pública, devido à elevada incidência epidemiológica e aos sérios prejuízos para o desenvolvimento das vítimas.
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20 de jun. de 2020

[Entrevista] Desequilíbrio da saúde mental e os transtornos mentais em meio à pandemia

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Entrevista cedida ao Polêmica Paraíba, em junho/2020

1. Diante do momento tão complicado que estamos vivendo, quem tem criança em casa acaba tendo uma preocupação maior por tentar manter a rotina da criança; que também acabam sendo afetadas por estresses, e respondendo de diferentes maneiras. Como os pais e/ou mães podem observar essas mudanças no humor e comportamento das crianças, e como eles podem auxiliar para manter a saúde mental dos seus filhos equilibrada neste momento?

A conversa é sempre a melhor opção. Acolher e oferecer segurança, pois a situação é nova para todos e as crianças sentem, de um jeito individual, por isso faz-se necessário observar a frequência de sentimentos como irritabilidade excessiva, insônia, inapetência, excesso de alimentação, retraimento e medos que não cessam. Se necessário, buscar apoio psicológico online para compreensão da situação.


2. Está sendo muito normal nos últimos dias acompanhar relatos nas redes sociais de pessoas que estão começando a desenvolver transtornos mentais, e é possível perceber que isso se dá por que as pessoas estão começando a sentir medo, tristeza, raiva, estresse e, não estão sabendo lidar com tantas emoções. Por que isso acontece? O que se pode fazer para diminuir o estresse emocional?

Não estávamos preparados e talvez nunca estejamos, sobre nos afastar do convívio social. Pegos de surpresa, o misto de medo, susto, perdas e insegurança, pode mesmo afetar as nossas emoções e deixar tudo muito maior, e bem mais, em pessoas que já vivenciavam algum quadro de transtorno mental sem tratamento. Ainda, pessoas que foram acometidas por perdas de familiares ou amigos, perda de emprego, convivência sem trégua com filhos e cônjuges, podem ter apresentando um estranhamento natural, mas se não pensado, elaborado, pode ecoar num adoecimento físico e mental.

Dividir as tarefas, diminuir a busca por informações, criar uma rotina possível dentro de casa, buscar alimentar-se e dormir bem, praticar a escrita, como possibilidade de expressar o que sente, podem influenciar positivamente e ajudar a atravessar a situação.


3. Outra ameaça silenciosa paralela à Covid-19 é mesmo o desequilíbrio da saúde mental? Os transtornos psicológicos podem nos trazer futuramente uma outra onda de estragos à saúde?

Não sabemos exatamente. Penso que ainda é cedo para fazer esta aposta, mas ficarmos atentos e dispostos a amparar quem precisa de ajuda é o caminho possível e saudável neste momento para, quem sabe, diminuir o tamanho da onda, se vier.


4. Muitos profissionais estão enfrentando lutas diárias para manter um equilíbrio da saúde mental, principalmente os da área da saúde, que estão mais expostos aos fatores de estresses. Eu, como jornalista estou trabalhando diariamente e tendo que noticiar mortes e coisas tristes todos os dias. Em conversas com colegas de profissão, é notório que estamos todos muitos exaustos psicologicamente falando, o ciclo de notícias em constante mudança continua e, acaba nos afetando de alguma forma; eu por exemplo nunca pensei que estaria um dia cobrindo uma coisa parecida com a Covid. O que profissionais dessa área podem fazer para tentar não se afetar tanto diante desse momento tão difícil?

Difícil responder. Cada caso pressupõe um olhar individual e respeitoso, mas posso acrescentar que falar continua sendo uma saída para não paralisar. Conversar com os próximos, falar do que dói, põe medo e preocupa. A fala porta a voz da esperança.


5. Muitos idosos estão tendo que enfrentar este momento longe dos filhos e netos; e muitos deles acabam desenvolvendo estresses e crises de ansiedade por não poder sair de casa e não ter a família por perto fisicamente. Como a família pode ajudar de forma virtual a prevenir os transtornos mentais entre os idosos?

Manter uma rotina de ligação, por chamada de vídeo, principalmente, pois é o mais próximo da presença física e, ainda, mais de uma vez ao dia. Brincar através de histórias, músicas e incentivar a espiritualidade. Se possível, passar em frente ao local e conversar um pouco, com máscara e à distancia, mas sempre demonstrando afeto e resiliência.


6 Um outro profissional que também está com dificuldades em relação à saúde mental é o professor, que precisou se reinventar para desempenhar suas atividades em um momento que a sociedade está envolvida em um turbilhão de sentimento, o que os professores podem fazer para se manter firme neste momento?

A Educação já vinha passando por mudanças difíceis a alguns anos – por conta da rigidez que contém, no que diz respeito à inclusão, por exemplo. Esta mudança, foi incisiva, dura, para muitos, pois foi percebido (de forma mais amarga) que a tecnologia não está aí para todos e ainda assim, foi preciso dar conta de algo. Eu desejo que sejam fortes e corajosos, porque quando tudo isso passar, haverão crianças animadíssimas para abraçá-los. Eles também estão na linha de frente, da educação, do caminho que junta o coletivo e acolhe a diversidade.


7. Pessoas hipocondríacas e que sofrem de ansiedade estão batentes confusas neste período, qual a melhor forma de manter uma estabilidade emocional para não desenvolver transtornos mentais?

Buscar apoio profissional especializado: psicólogo ou psiquiatra, para ouvir o que desestabiliza e construir pontes que ainda estejam de pé quando tudo isso passar. Para buscar não se perder dentro de si e na própria casa.
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10 de jul. de 2018

[Entrevista] Depressão pós-parto

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21 de mai. de 2018

[Entrevista] Abuso sexual contra crianças e adolescentes

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Matéria para o Polêmica Paraíba



1. Quais os sinais que devemos ficar atentos em crianças que podem estar sendo vítimas de abuso?

Apenas 40% dos casos apresentam evidência física. Sendo assim, os principais sinais são comportamentais:
- Perda do apetite ou compulsão alimentar;
- Pesadelos, medos inexplicáveis de pessoas ou lugares;
- Apatia, afastamento dos amigos;
- Perda dos antigos hábitos de brincar;
- Voltar a chupar o dedo, fazer xixi na cama ou cocô nas calças;
- Conhecimento ou comportamento sexual exagerados;
- Irritação, sangramento, inchaço, dor, coceira, cortes ou machucados na região genital ou anal.

2. Como podemos prevenir que nossas crianças sejam abusadas?

A violência sexual acontece de muitas formas, inclusive quando não há contato físico. É muito importante que os pais, educadores e responsáveis estejam atentos para não expor as crianças e adolescentes à situações desagradáveis que confundam os limites do autocuidado com o próprio corpo e emoções:
- Não force a criança ou adolescente a tocar um adulto;
- Não encoraje a criança ou adolescente a se envolver em atividades sexualizadas com outras crianças;
- Não use a criança ou adolescente em apresentação sensual como fotografia, filmagem ou dança, mesmo que a intenção seja uma brincadeira;
- Não faça comentários erotizados sobre o corpo da criança ou adolescente.

3. Como ensinar noções de consentimento para crianças? Com que idade e de que forma podemos conscientizá-las sobre se defender de possíveis abusos?

Antes mesmo dos dois anos de idade, os pais e cuidadores podem e devem compartilhar com a criança pequena, quem pode ajudar a lavar o pipi e a pepeca e que eles devem ficar guardadinhos: primeiro com a fraldinha, depois com a calcinha ou cueca. É um discurso lúdico que vai acontecendo no banho, na troca de roupa e de forma natural, ajudando a criança a internalizar os conceitos básicos sobre o corpo, sentimentos e trocas afetivas, além de incentivar positivamente abertura para conversar mais sobre o assunto quando tiver dúvidas e sentir necessidade.

 Sugestão super didática para iniciar as conversas sobre o assunto com os pequenos: Materiais Pipo e Fifi
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23 de abr. de 2018

[Entrevista - Bullying nas Escolas]

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Menino, Criança, Jovem, Pessoa, Mão, Parar

Matéria para o Polêmica Paraíba


- Qual e como é a contribuição da psicologia no ambiente escolar para combater a prática do bullying?
O psicólogo escolar ocupa um lugar de convite a reflexão crítica saudável sobre práticas de Bullying no ambiente escolar, sensibilizando os alunos sobre a temática; Ainda, promove  estratégias para prevenção de práticas de Bullying, favorecendo um ambiente harmonioso e prevenindo comportamentos discriminatórios, preconceituosos e intolerantes; incentiva atitudes solidárias e positivas em relação ao próximo e repassar valores éticos para auxiliar na construção da cidadania do sujeito. Todas as práticas, realizadas em parceria com a coordenação e professores. Toda a escola envolve-se no cuidado necessário.

- Na visão psicológica qual a percepção sobre as causas do bullying?
Podemos considerar: cobranças e expectativas muito altas,  intensas atividades extracurriculares, críticas frequentes e poucos elogios, problemas no desenvolvimento cognitivo ou emocional, dificuldades de aprendizagem, de relacionamento ou experiências traumáticas, como agressão ou abuso.

- Existe características para as crianças que praticam o bullying? quais são ? os pais tem culpa nisso? 
Muitas vezes, pais e mães desejam compensar a ausência durante a semana com uma permissividade excessiva ou comprando presentes sempre que surge a manifestação de qualquer desejo. Assim, as crianças não aprendem a lidar com limitações e frustrações e podem vir a desenvolverem comportamentos de agressão ao outro, seja física ou psicológica. 

- Na visão psicológica o bullying é a porta de entrada para outros tipos de violência?
Todas as situações de desajuste podem influenciar e desencadear novos comportamentos inadequados e produção de sentimentos confusos sobre si mesmo e sobre os outros, portanto, o bullying diz sim, sobre uma necessidade importante para que se olhe para a criança ou adolescente e o ajude de forma mais atenta e profunda.
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21 de abr. de 2018

[Entrevista - Suicídio]

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Matéria para o Polêmica Paraíba


1. O suicídio está, obrigatoriamente, ligado a algum distúrbio mental?
Em geral, a tentativa de suicídio é o desfecho de um processo de muitos fatores. Faz parte desse processo uma interação complexa de componentes psicológicos, psiquiátricos, sociodemográficos e genéticos, entretanto, a maioria das pessoas que cometem o suicídio, apresentam transtornos de humor – depressão e transtorno bipolar – transtornos por uso de substâncias psicoativas, esquizofrenia e transtornos de personalidade.

2. Como identificar uma pessoa com pensamentos suicidas?
As pessoas que se encontram com pensamentos de morte estão geralmente passando por período de grande ambivalência, tentando entender o seu momento psíquico e buscando lidar com esses sentimentos. A maioria das pessoas expressa os pensamentos sobre estar planejando algum ato: abandono de atividades habituais, aumento do uso de álcool ou outras drogas, tomada de providências como cartas de despedida ou testamentos, expressão de desespero, ouvir vozes que mandam a pessoa se matar, discurso incoerente sobre não ter esperança no futuro, frases como “o mundo ficaria melhor sem mim”, “queria dormir e não acordar mais”, indicam a necessidade de uma avaliação profissional, pois são sinais de alerta.

3. Como a família e amigos podem ajudar essa pessoa?
Ao saber que alguém pensa em suicídio, é importante que esta pessoa seja ouvida sem julgamentos e saiba concretamente que você está ali para ajudá-la e protegê-la, portanto, fale para ela. É necessário ainda, pensar em formas de garantir a segurança desta pessoa: não deixá-la sozinha, impedir o acesso a locais e objetos que possam ser utilizados usar para se machucar e agendar consulta com um psicólogo e um psiquiatra para uma avaliação específica e imediata.

4. Existe um público com maior tendência suicida?
É a segunda causa de morte entre os adolescentes, que não tem uma visão crítica em relação ao prejuízo. Mais de 70 % das pessoas que se suicidam têm mais de 40 anos, sobretudo, homens e também são frequentes entre solteiros ou divorciados. As taxas de suicídio são maiores nas áreas urbanas do que nas rurais. No romance: Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang Goethe, um rapaz da aristocracia alemã se apaixona por uma bela jovem casada, mas não é correspondido e acaba se matando com um tiro na cabeça. Esta obra foi proibida em vários países no século 18 por causa de uma onda de suicídios entre jovens que usaram o mesmo método do protagonista. Por causa disso, a psicanálise criou o termo “efeito Werther”, ou seja, o suicídio “por contágio” ou “copycat”, quando celebridades ou figuras públicas se suicidam e influenciam multidões. Segundo pesquisas, ao menos 5% dos jovens tiram a própria vida por contágio. A atriz Marilyn Monroe, por exemplo, causou um aumento de 12% nos suicídios nos Estados Unidos, após sua morte, por overdose de barbitúricos em 1962.

5. Ainda é um tabu falar sobre o suicídio? Se sim, isso pode influenciar na ocorrência dos casos?
O suicídio ainda tem sido um tabu em nossa sociedade e permanece um assunto proibido em várias crenças religiosas. Isto influencia sim, a ocorrência do ato, pois diminui as possibilidades necessárias para falar abertamente e sem julgamentos sobre os pensamentos de morte.

6. Que medidas e intervenções ajudariam a reduzir o número de suicídios?
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional.Estamos diante de um verdadeiro problema de saúde pública, e a prevenção começa em casa, continua na escola e na sociedade, de forma que o assunto seja comunicado de forma ética e respeitosa. Recentemente, foi iniciado no Brasil, um movimento de políticas públicas para traçar planos integrados de prevenção.

7. Qual a importância do CVV nesses casos?
O Centro de Valorização da Vida - CVV, oferece uma escuta qualificada gratuita durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, para pessoas que desejam falar sobre seus sentimentos e esta ação pode faz a diferença na vida de muitas pessoas.

8. Como você acha que as/os psicólogas/os devem atuar quando se deparam com pacientes com ideias de suicídio?
Teme-se, muitas vezes, perguntar ao paciente sobre assuntos relacionados ao suicídio por pensar que a simples pergunta poderia sugerir a ideia de morte. Mas, na verdade, abrir espaço para falar sobre o assunto poderá prevenir a passage ao ato. Perguntas mais genéricas sobre as perspectivas de vida e os planos desse indivíduo para o futuro podem ajudar a introduzir a temática com leveza, mas acolher esta realidade é necessário, bem como, firmar parceria com demais profissionais da saúde mental.
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22 de mar. de 2018

[Entrevista] A mulher na maturidade

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Ouça a entrevista completa:
Rádio CBN Paraíba

A maturidade vai chegando e o discurso das mulheres tem sido sobre não se sentirem velhas; desejo de vivenciar uma participação diferente no meio social, retornando ao estudo, dedicando-se ao voluntariado e considerando de forma diferente o trabalho de dona de casa. As mulheres mais maduras de hoje se enxergam de uma maneira mais integrada, considerando seu corpo e isto muda radicalmente o antigo lugar comum da mulher ligada à improdutividade e inatividade.
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20 de out. de 2016

[Entrevista] Mudança de Mente diante da Crise *

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Jornal Correio: Uma pessoa pode mudar a mente após passar por uma crise, seja ela por causa de um divórcio, morte, etc? Se sim, como é esta mudança? É parecida com a sensação de um luto?
Psicóloga Mayara Almeida: Podemos falar em tomada de consciência e/ou mudança de comportamento, aspectos relacionados às experiências de vida e emoções sentidas. A situação de luto é um caso específico dentro do traumático, pois encontra barreiras relacionadas a continuidade da vida.

Jornal Correio: Todos que passam por momentos deste tipo, podem mudar a mente ou é uma coisa de depende do psicológico de cada um?

Psicóloga Mayara Almeida: Não é possível determinar uma única forma ou consequência, pois até um mesmo acontecimento, pode causar diferentes reações nos envolvidos. Isto se dá porque cada indivíduo dispõe de defesas que podem circular entre manifestas ou latentes e influenciar as reações. 

Jornal Correio: Há fatos trágicos que são mais '"fáceis" de mudar a mente da pessoa ou isto não tem nada a ver?
Psicóloga Mayara Almeida: Tomemos conhecimento de que existem sim, situações que, pela própria intensidade que, por si só, conseguem provocar, causam a possibilidade de trauma ainda mais profundo e se vinculado a um estilo de vida que não dispõe de suporte emocional, pode sim, configurar-se num trauma real e mais delicado. A própria sociedade, de tempos, em tempos, "elege", de forma, muitas vezes, inconsciente, as situações que ocupam lugar de dor e desafetos.

Jornal Correio: Há aquelas história de que homens são mais propícios a mudar a mente diante de crises ou vice-versa? 

Psicóloga Mayara Almeida: A mudança independe de gênero. Está diretamente relacionada às experiência de vida e estrutura de personalidade que o sujeito apresenta.

Jornal Correio: Há tratamento? O que fazer? A família tem um papel importante para ajudar?
Psicóloga Mayara Almeida: A família e afetos próximos, possuem uma força de influência social que contribui na melhora de diversos quadros de saúde emocional prejudicada. Uma base que ajuda a circular na vida e saber para onde retornar. A psicoterapia também é um meio de apoio e equilíbrio diante de situações que causem algum tipo de desacordo com a própria consciência.

* Matéria publicada originalmente no Jornal Correio - Julho/2016

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19 de out. de 2016

[Entrevista] A internet e a mudança de hábito das pessoas

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O computador e a internet são meios de comunicação cada vez mais utilizados pela população, tendo diversas finalidades, sendo uma delas a interação virtual. Entretanto, a tecnologia das redes sociais pode ser aliada, por ser facilitadora da comunicação, mas também pode trazer prejuízos, quando traz um distanciamento das relações reais. Tantos de nós têm estado mais tempo nas redes sociais do que na vida real! Mas o que seduz tanto quem utiliza estas redes? Vaidade? Busca de socialização? Tem sido muito cômodo, aceitar amigos com um click, bloquear pessoas sem ter que lidar com o frente a frente. Mas esquecem das consequências: redução das nossas habilidades sociais, aumento da introspecção e fantasias extremistas e/ou negativas sobre as relações humanas. Os usuários das internet tem a oportunidade de interagir com outros usuários, aprender novas informações, manter contato, manifestar pensamentos e sentimentos, enfim, as opções são variadas.

Como consequência negativa pode existir algum grau de uma fragilidade do ego. O sujeito faz de tudo para demonstrar o oposto da sua vida real, porque é com a aprovação do outro que este sujeito ameniza sua insegurança: demonstra situações felizes, sorrisos, viagens perfeitas etc. Por trás desta cortina imaginária, há um hipermodernismo que reivindica: "estou aqui", por vezes, numa compulsão à exposição; uma espécie de Narciso* atual, numa ditadura da autoafirmação.

Um dos maiores desafios da atualidade pode ser a relação entre o que é representado nas redes sociais e o que existe fora dela, na vida real, pelo fato de poder ocasionar repercussões na subjetividade do indivíduo contemporâneo. O espaço individual precisa ser preservado: lugar para intimidade. Talvez possamos pensar em “menos curtidas” e mais possibilidades de curtir de fato, o fato!

Na mitologia grega, o mito do Narciso dá origem ao termo narcisista. Narciso, uma criança linda, pela qual sua mãe nutria muito amor e admiração. Por causa da beleza excessiva do filho, a mãe, preocupada, levou-o até um sábio. Foi então revelado que Narciso só teria uma vida longa se nunca enxergasse a sua própria imagem. Durante um longo período foi o que aconteceu; os pais esconderam todos os espelhos da redondeza para que Narciso crescesse sem jamais enxergar seu reflexo no espelho. Até que, certa vez, ele se aproximou do rio e viu uma imagem pela qual se apaixonou: Narciso estava apaixonado por si mesmo.

* Matéria publicada originalmente no Jornal Correio - Maio/2016
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18 de out. de 2016

[Entrevista] O brincar na Infância

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