18 de out. de 2016
13 de out. de 2016
O tempo é uma criança brincando
- "Não tem problema não. Eu vou consertar". Diz o garotinho diante dos blocos que, ao cair, desmontaram o avião.
- Ah, que ótimo! Muito obrigada.
- Eu conserto tuuudo, sabia?
☆ Cena 2
- Tiiia! Ela colocou a xícara dentro do meu carrinho! Diz ele, muito bravo.
- Foi que caiu tia! Ela se defende.
- Sabe que eu tive uma ideia? Vamos fazer um chá pra todos! Estacionem os carros, tragam os bonecos, as bonecas e vamos preparar. Cada um ajuda um pouco, combinado? Agora é hora de provar! Hummm! Que cheirinho delicioso. Prova aqui! Oferecendo ao dono do carrinho, um gole imaginário do chá. Quem quer mais?
- Eeeu! Várias vozes que se conectaram através da brincadeira mediada e transformada para o bem do grupo.
E assim é! Como o título deste texto, que é uma fala de Heráclito, filósofo pré - socrático, considerando os aspectos semelhantes entre o tempo e uma criança brincando: não volta atrás, não espera e não se julga por isto. Brincar serve, como nas cenas acima, para experimentar e resolver; para equilibrar a emoção e a razão.
Se possível - e desejo que seja - ajude à criança para que diminua, sabiamente, o uso de objetos de pilha e bateria. Eles fazem o que nós poderíamos inventar e acomodam a criatividade necessária para a vida. A melhor energia, é aquela que a criança já dispõe, mesmo porque, brincar é simples: mais presença e menos presente. Elas precisam do nosso tempo, exemplo, abraços e histórias sobre quando éramos pequenos. Um pouco, todos os dias do ano!
Mayara Almeida
Psicóloga - CRP 13/5938
Mayara Almeida
Psicóloga - CRP 13/5938
4 de set. de 2016
Homoafetividade: como fica a cabeça das crianças?
Um dos grandes debates atuais, aborda a constituição do que chamamos de novas organizações familiares, discutido sobre a forma de ligação afetiva entre sujeitos: famílias adotivas, casais com e sem filhos, casais homoafetivos, produções independentes, barriga de aluguel, embriões congelados e, ainda, sabe-se lá, a clonagem. Na verdade, muitas destas organizações familiares sempre existiram. Porém, os protagonistas dessas vivências passaram a provocar visibilidade, e a partir daí, surgiram questões que movimentaram as relações sociais.
Há dificuldades sobre aceitar o relacionamento de pessoas do mesmo sexo e o argumento mais disseminado é "o bem da criança". Em termos da saúde mental, uma criança deve ser criada por adultos que desempenhem funções parentais, as quais chamamos de materna e paterna, promovendo a constituição psíquica do sujeito e facilitando os seus laços sociais.
Há dificuldades sobre aceitar o relacionamento de pessoas do mesmo sexo e o argumento mais disseminado é "o bem da criança". Em termos da saúde mental, uma criança deve ser criada por adultos que desempenhem funções parentais, as quais chamamos de materna e paterna, promovendo a constituição psíquica do sujeito e facilitando os seus laços sociais.
Um bebê, por exemplo precisa ser embalado pelo imaginário do adulto, acolhido subjetivamente pela palavra e suposições que não são palpáveis. São ilusões, de fato, mas excelentes ilusões necessárias. Este bebê, então, suposto pelos laços parentais, vai desabrochando e tantas vezes, marcando a diferença daquilo que foi inventado, descobrindo a alteridade em si e no outro.
Além disso, podemos refletir: o gênero de quem cuida da criança não determina benefícios e foi a partir de modelos de famílias tradicionais, que surgiram na sociedade comportamentos anti-sociais, desvios de conduta, marginalidade, perversões, drogas, enfim, as mais diversas formas de sofrimento psíquico. E como bem pontua a psicanalista Vera Iaconeli, “A heterossexualidade nunca foi vacina contra as psicopatias”.
Mayara Almeida
Psicóloga - CRP 13/5938
18 de jul. de 2016
Precisamos falar sobre Limites
Dias desses, no shopping, surpreendo-me ao ouvir uma mãe irritada, falar em alto e bom som:
- Vou te colocar na OLX, vai ser o jeito.
- Nãaao mãe (a criação reage, chorando e gritando ainda mais, pois deve ter feito uma associação desagradável com o olx e a venda de si mesmo).
Olhei e senti uma imensa vontade de me aproximar e dizer: "mãe, seu filho é uma pessoa, não uma coisa. Pessoas não devem ser vendidas". Mas não seria adequado, então não o fiz. Não é a primeira vez que vejo cenas assim e sinto um enorme desejo de desfazer o nó que está sendo dado. Mas sei que não é assim que as coisas se resolvem, por isto fiquei refletindo sobre a tênue linha entre as correções e os limites das mesmas.
Para falar sobre limites infantis, é preciso repensar os nossos próprios limites. Sim, os limites dos adultos. Quais são os seus? Quais os limites que se permite ou proíbe diante daquilo que acredita? É preciso pensar sobre a nossa disposição diante dos cuidados impostos à criança. E ouví-la. Se você não ouve as crianças, você as perde.
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