13 de jun. de 2016

Sim, felicidade também cansa.

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Não sei qual a interpretação que você fez a partir do título, que é a primeira chamada sobre o texto, mas se está a ler aqui, provavelmente algo te deixou atento para que continuasse. Pois bem, quero dividir uma reflexão sobre o estado felicidade. Sim, também cansa. Mas você se perguntar: "como pode cansar se é algo bom?". Faz muito sentido, porém, a ideia que trago é que a felicidade exige de nós investimento. É preciso organizar o tempo, os afazeres diários, sair da zona de conforto, encarar a ilusão que foi ou está sendo construída sobre o outro ou a situação. Vivenciar limites, lidar com frustrações e aprender a fazer uso do sentimento mais primário de todos: o amor. E reavivar a relação com o seu próprio espelho mágico, sobre as questões intrínsecas que noutro momento não apareceriam, se não fosse a busca e o encontro com a possibilidade de felicidade. 

Um relacionamento amoroso, por exemplo, é uma ótima ilustração para compreender que a felicidade cansa. É muito bom estar junto e compartilhar sentimentos, mas é um exercício constante de cultivo e cuidado. E depois de um dia incrível ao lado da sua melhor companhia, depois de você mesma, a primeira coisa que deseja fazer é dormir. Porque a felicidade também cansa meus queridos... Mas de um jeito diferente e necessário para a vida humana. 

Mayara Almeida
Psicóloga - CRP 13/5938
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31 de mai. de 2016

Meu filho não foi convidado para o aniversário do amigo. E agora?

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Para algumas crianças, pode não ser fácil entender que não foi convidada, sentindo-se excluída, triste e até mesmo culpada (uma fantasia de que algo que ela fez causou esta exclusão). Porém, também pode aceitar ou "perdoar" mais facilmente, desde que aja uma mediação saudável diante da situação.

Sugiro algumas possibilidades:

- Se houver algum fato que justifique a exclusão - do ponto de vista racional - ou seja, a criança e o aniversariante já brigaram, o aniversariante já foi excluído de alguma festinha promovida pela criança excluída - o argumento pode contribuir para formar o raciocínio da criança, especialmente o da ação-reação.

- Levar o filho para fazer um passeio de família no dia da festa;

- Dizer à criança que nem sempre ela irá participar das festas dos amigos, pois existem compromissos familiares que impedem os pais a aceitar todos os convites;

- Pode-se incentivar a criança a fazer um desenho ou um cartão de parabéns para entregar quando encontrar o colega, como forma de valorizar a amizade e estreitar os vínculos das crianças. Isso incentiva a tolerância - pois podemos interpretar que muitos problemas de relacionamento surgem quando nós julgamos que os outros devem fazer as coisas do jeitinho que a gente quer, como quer ou sempre sermos eleitos como vínculos de maior proximidade.

- Usar a questão do custo da festa e da necessidade de escolha dos pais do amiguinho, em selecionar os convidados, desfocando do aniversariante - que, afinal de contas, irá continuar a conviver com seu filho após a festa - apresentando uma atitude empática com a decisão dos pais do aniversariante, ajudando seu filho a superar esta frustração e entendê-la como parte da vida.

- Aproveitar a oportunidade para fortalecer os valores familiares e educar a criança para o mundo - já que frustrações fazem parte: nem sempre a paixão será correspondida, nem sempre ele ganhará o presente desejado. Quanto mais amoroso for o apoio dos adultos quando a criança entrar em contato com estas realidades, mais adequada será a assimilação e mais saudável emocionalmente será esta pessoa, pois ela terá a ser resiliente.

O grande diferencial de um ensinamento resume-se em como ele faz você se sentir. E isto vale pra tudo: negócios, educação infantil e até justificativas para convites de aniversários.
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8 de mai. de 2016

O que aprendi sobre a maternidade (mesmo sem ser mãe)

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Não importa o lugar que as mulheres ocupem na sociedade: elas são e sempre serão as principais extensões de desenvolvimento para as crianças, pois há na gestação subjetiva e concreta, delicadezas que costuram o vínculo desde antes do nascimento, quando depois, haverão contatos com outras pessoas. Porém, é possível sim, maternar sem ser mãe ou gestar. Cuidar com afeto e responsabilidade de educar pequenos seres humanos. E neste aspecto, a maternagem pode ser desempenhada por outros adultos que possuam ou possam desenvolver a capacidade de rèverie (condição para organizar as demandas da criança). 

E sabe uma das coisas difíceis na maternidade? É a expressão das pessoas ao redor que, traduzida, pode significar que a mulher nasceu "para isso" e, portanto, não deve reclamar ou precisar de ajuda. E na verdade, ser mãe não é algo que se sabe até começar a ser. Vai-se aprendendo esta ocupação. Mães não sabem de tudo, são companheiras da dúvida o tempo inteiro. 

Às vezes ser mãe pode ser assustador. A criança não obedece, desfaz combinados, reage de forma surpreendente e as mães silenciam sobre isto, como se fosse proibido deixar visível um lado difícil de lidar com crianças. 

Crianças são pequenos-grandes-mestres da manipulação, uma habilidade que aprendemos desde os tempos mais saudosos da infância, assim como quando o bebê chora e o peito materno aparece, como mágica espetacular. 

As crianças possuem uma programação diferente daquela de antigamente. Já possuem uma maior habilidade argumentativa, pois em tempos de tecnologia, a informação chega rápida; pensamento crítico pois são questionadas a explicar o que e como e, portanto, reproduzem esta ação e, ainda, aquela capacidade de persuasão.

Crianças são esponjinhas, e devemos ter cuidado com o que elas absorvem: palavrinhas e palavrões ficam arquivados na memória de forma ativa, principalmente se for uma nova expressão, pois chama a atenção pelo som ouvido e pelo som produzido pela sua própria voz.

Eu aprendi, entre choros e brinquedinhos, que se ouvirmos as crianças com atenção, ainda poderemos aprender muito. E a recompensa instantânea é o amor incondicional dos pequenos. Aquele sentimento puro e inexplicável.

Aprendi que a maternidade é uma caminhada que corre paralela à vida, sonhos e dificuldades. É um sair de si, para emprestar ao outro (àquele ser dependente) sua energia e investimentos necessários. Portanto, precisa ser uma decisão.

Mayara Almeida 
Psicóloga - CRP 13/5938
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Carta aberta de uma criança que sente vontade de morder

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Oi mãe, oi pai, tios e tias. E essa história de achar que sou agressivo porque dei uma mordidinha aqui, ali, e ali de novo... Agressivo, que é isso? Ouço vocês falando e fico imaginando que é um monstro chato e feio. Não quero ser isto e não sou. Quando eu saí da barriga da mamãe, era gostosinho pra cá, gostosinho pra lá, e lembro de ouvir alguma amiga da mamãe dizendo: “que vontade de morder!”. E sabe, realmente, sou fofinho e se estou cheirosinho então, tudo certo. Dá mesmo vontade de morder. Será que vocês entendem? E quando meus dentinhos começam a surgir, fico irritado e morder pode se tornar uma opção pra mim, que ainda não sei falar e dizer que está doendo. Então me ofereça vários brinquedinhos para que eu possa testar, curtir e me acalmar, sem precisar morder os outros. 
Ah, às vezes mordo porque quero que alguém me olhe, me acolha e fique comigo, então, se perceber isto, fique mais próximo e compartilhe comigo alguma atividade positiva. Não sinta raiva do meu amiguinho se ele me morder e não me ponha de castigo, mas me fale e insista, com calma, sobre a importância de falar quando eu quiser algo ou não gostar de alguma coisa que me fizerem. Lembre-se, levará um tempinho para que o repertório de palavras seja inserido na minha comunicação, então me incentive a conseguir. Acredite em mim. Eu sou um amor de criança! Com uma mordidinha de amor, a sua criança.


• Para prevenir as mordidas em situação de grupo:
 Estimule situações comunicativas, pois o uso progressivo da fala vai, aos poucos, substituir as mordidas.
 Garanta que haja variedade de material, principalmente dos brinquedos preferidos. Assim, haverá possibilidades de escolha para todos, evitando as disputas. E esteja sempre por perto em momentos que o grupo compartilhar brinquedos. Se houver uma criança que costuma morder com mais frequência, fique próximo dela.
 Evite situações que irritam ou cansam demais as crianças, como fome, sono e longos períodos de espera entre uma atividade e outra.

• Se a mordida acontecer:
✓ Cuide e acolha a criança machucada.
✓Conduza a criança que mordeu para ajudar a cuidar do machucado que causou e assim conhecer as consequências de sua ação. Não brigue, mas seja firme e explique, valorizando as expressões faciais, que não deve agir assim, porque dói.
✓Jamais nomeie uma criança como a mordedora do grupo e, ao comunicar aos pais da criança que sofreu a mordida, não revele o nomes, apenas explique as providências tomadas. Os familiares da criança que mordeu também devem ser comunicados.
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