2 de mar. de 2013
O ser humano move-se internamente de acordo suas placas tectônicas.
E na análise, investigamos a possibilidade de algum terremoto interno.
1 de mar. de 2013
Discurso (im) perfeito
O diálogo
dele era todo pronto, pouco espaço para a respiração, tudo devidamente decorado
para não chocar, ou para impressionar mesmo. Queria saber quanto tempo ficaria,
quanto tempo levaria. Só que não. Não é assim que funciona o processo.
Precisava resolver rápido e precisava de alguém para colocar a responsabilidade
da decisão: “eu consigo resolver, mas me disseram que seria legal se eu viesse,
então eu vim”. Ele veio sim, e precisávamos descobrir o porquê, pois em seu
discurso perfeito não havia nada que o incomodasse tanto, ou impedisse de
dormir tranquilo à noite. Foi aí que houve um ato falho ou muito assertivo para
a análise: “eu tenho medo de... Quer dizer, eu não tenho medo de nada, medo não, não mesmo”.
“Será?”
Foi a única palavra que ele ouviu antes de disseminar um novo discurso, que
incluía ser fraco, insuficiente e instável e, por isso, vestia-se no papel de
homem perfeito, ao menos nas palavras; não tinha alguém ao lado porque não
queria demonstrar a inconstância quem também não sabia como lidar.
Fizemos
do espaço e tempo disponíveis uma ponte para a realidade, pois o que ele estava
vivendo era algo imaginário e inseguro, precisava ser ele mesmo, aceitar-se em
si, perfeitamente imperfeito, no ato e no discurso.
24 de fev. de 2013
O que pediu não era o que queria
Ela já chegou cansada. Cansada de outras
análises que “não me ajudaram em nada e não sei se aqui vai ser diferente, não
sei”. E neste momento, as lágrimas começaram a cair. Não quis usar o lenço para
limpá-las, e o pranto aumentou por alguns minutos. Parecia que não se permitia
chora há tempos; estava realmente exausta. Relatou sobre a sua dificuldade em
permanecer fiel ás amizades que tinha... Tinha, pois já não contava mais com
elas. Disse que queria virar nuvem, observar tudo do alto e ser quase que
intocável. E falou por trinta minutos sem parar, exceto pelas interrupções de
choro que vez ou outra, em meio às palavras, visitavam seu discurso “eu disse
que queria ficar só, eu pedi isso, quase implorei, mas na verdade não era o que
queria”. Este fato estava fazendo morada dentro dela, enraizando tudo que não
deveria. Parecia bem difícil ter que assumir a ideia de viver uma relação
estável e segura, parecia ter uma vontade que não sabia como se fazer real.
E fomos pelo caminho mais difícil,
porque era o único naquele momento, passando por cima de dores, ao lado de
desamores até chegar ao lugar que realmente desejava e poderia suportar. Ela
estava, enfim, descansando de suas próprias angústias.
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