23 de fev. de 2013

A garota que não sabia ler

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Ela supervalorizava o sexo na relação. E cobrava de si o tempo inteiro, buscando sempre novidades que pudessem impressionar o parceiro. Um dia ele disse que a fantasia não era necessária, mas ela já estava vestida, na roupa e na expectativa. Ele não queria, não precisava de nada daquilo, só desejava estar com ela, dormir ao lado e viver o dia-a-dia.  Por ele, ela chegando em casa e sentando ao lado para tomar um chá, já seria suficiente. Mas ela não gostava de chá e não sabia ler. Não sabia ler o que seu próprio íntimo dizia, os recados que enviava, através dos “tombos” emocionais que levava. Ela só queria atuar e escrever, sem nem ao menos saber ler... Ler a si mesmo, antes de qualquer outra tradução.
Ali fizemos treinos de si mesma, e ela saberia interpretar melhor a sua própria condição de mulher, parceira e menina. Ali aprendeu a ler seu alfabeto emocional e cuidou em juntar as letras e formar suas primeiras palavras, seu discurso afetivo e individual. Saber de si para então, saber do outro.





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22 de fev. de 2013

Quanto atraso neste nosso avanço...

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Realidade.
Sim, a imagem acima não é montagem, ou algo do tipo. Esta foi uma cena registrada aqui neste Brasil. Não estou interessada em citar o lugar onde isto aconteceu, porque poderia ter sido em qualquer cidade que nos rodeia, então, poupo minha escrita neste aspecto. Mas sinto, sinto muito por esta pessoa que foi submetida a esta situação. Sinto também pelos transeuntes ao redor dele, observando, e talvez comentando o movimento que aquilo provocou. Sinto por quem cometeu este ato, que por algum momento acreditou que podia, que tinha este direito e que salvava a si e ao demais. O fato é que este moço que aparece amarrado na imagem, fez um "surto", ou seja cometeu atos considerados ilegais e agressivos à sociedade: ele teria quebrado as vidraças de uma loja, pois possui problemas mentais. Soldados alegaram que não poderiam transportá-lo considerando seu estado mental; pessoas que tentaram ajudá-lo foram impedidas pelos homens que o prenderam. Negro, pobre e... Louco? Por isso é permitido submetê-lo a tal situação ridícula, considerando o "avançado" mundo atual? Se existe algo que não quero perder enquanto vida eu tiver, é o respeito pelas pessoas, a vontade de ajudá-las a se aceitarem e melhorarem se preciso for, e não permitir que uma atrocidade desta se realize. Podia se um de nós ali... Poderia ser o meu desespero entre aquelas cordas, e isso me faz refletir muito sobre este acontecimento e tantos outros... E a sociedade acostuma-se a ver e nada fazer; sem reação, menos confusão... Será? Eu só sei que não gostei, não aprovo e me entristeço com este atraso diante de tanto avanço divulgado.

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15 de fev. de 2013

Toda realidade em si, tem um limite.

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A realidade é espaço limitado para todos. É um avesso dos contos de fadas. Mágica, só se for aquela de tirar a moeda atrás da orelha de alguém quando já estamos com a moeda em mãos.

A vida que se apresenta no setting terapêutico é tal e qual a representamos fora dali: confusa, calma, agressiva, linda, depressiva, invasiva ou insuficiente...

Há pessoas que se relacionam, mas não amam; há outras que amam em silêncio e não se relacionam.

Aprendo diariamente com os pacientes que atendo, que emprestam suas dores e angústias cada vez que estão ali, absortos ou não, num momento que marca uma passagem de um antes para um depois repleto de possibilidades. Aprendo a escutar, a perguntar, aos outros e à mim... Recebo as ansiedades e lágrimas que abraçam a almofada, colocada ali para ocupar um espaço simbólico que logo passa a ser concreto, quando alguém ocupa o espaço ao lado.

E como eu dizia, toda realidade em si, tem um limite...
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