14 de ago. de 2014

Revista Nordeste - Tabagismo

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Participação da Psicóloga Mayara Almeida em matéria sobre o Tabagismo na Revista Nordeste - n 92 (Agosto/2014). 
Acesse: http://www.revistanordeste.com.br/edicoes


1) O tabagismo envolve o aspecto psicológico e emocional do vício. Como isso ocorre na prática?

Quando estamos emocionalmente instáveis, buscamos enfrentar a situação ou envolver-se com algo que pareça estancar a nossa dor: o cigarro representa, então, um alívio, mesmo que momentâneo, um escapamento da angústia e a sensação de que funciona, pois os efeitos químicos são fortes e aos poucos transformam o cigarro num objeto de prazer.
2) É importante, então, a procura pelo tratamento não só medicamentoso, mas também psicológico? Porque?
É extremamente importante, que no tratamento à dependência de qualquer vício, o acompanhamento psicológico esteja envolvido, porque tem a função de trazer o indivíduo para uma nova condição, vivenciando outro papel, pois acontece mediante a conscientização das atitudes e do preenchimento saudável das escolhas do dia-a-dia, descobrindo prazeres saudáveis e reconhecendo que o contrário disto, pode levar à um caminho sem volta.
3) De acordo com uma pesquisa do LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), 90% dos fumantes dizem que gostariam de parar de fumar. No entanto, só 7% deles realmente tem planos para parar. Porque você acha que o número de pessoas que realmente se dispõem a tomar uma ação é ínfimo diante do número expressivo de pessoas que afirmaram desejar parar?

Porque, infelizmente, o consumo do cigarro se encaixou como uma luva no mundo que vivemos, onde há, milhares de sujeitos que acreditam na satisfação suficientemente perfeita, através do consumo de objetos.


4) Qual o fator determinante para que o indivíduo seja capaz de largar o vício?

Já dizia Mário Quintana: "fumar é um jeito discreto de ir queimando as ilusões perdidas" e acredito que o vício é uma espécie de fuga da falta, fazendo-se necessário apoio familiar e emocional, buscando envolvimento do indivíduo em situações que realmente o mobilizem, considerando que, a consciência e atuação da liberdade individual são primordiais para o processo de retorno à saúde mental.

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10 de ago. de 2014

Procura por antidepressivos

17 comentários :
Entrevista completa, cedida ao jornal A União - João Pessoa, em 10/08/2014


- Segundo os dados do IMS Health, instituto que faz auditoria para a Anvisa, a venda de estabilizadores de humor e antidepressivos aumentou cerca de 8,4% nos últimos quatro anos. No entanto, se olharmos mais para trás, entre 2005 e 2009, o crescimento foi de 44,8%, um volume bastante expressivo. A que você atribui isso? É um indício de que há mais tratamento de doenças mentais ou há excessos nas recomendações e prescrições dos médicos?
Psicóloga Mayara Almeida: Houve sim, um aumento de problemas mentais, devido ao movimento frenético das mudanças sociais, quando nem todos possuem estratégias para lidar com isto. Entretanto, há também uma espécie de necessidade de cura rápida, onde tanto os pacientes quanto alguns profissionais, são influenciados, gerando interesse em supermedicação.

- Tentei através de muitas maneiras conseguir dados relacionados ao consumo de medicamentos do tipo na Paraíba, mas só consegui os remédios psicotrópicos distribuídos pela rede municipal de João Pessoa: amitriplina, clomipramina, fluoxetina, imipramina, nortriptilina, paroxetina e sertralina. No entanto, não tive acesso a números. Essas substâncias são usadas para tratamento de doenças mentais, correto? Quais são os benefícios e desvantagens de se utilizar determinadas substâncias?
Psicóloga Mayara AlmeidaCorreto. Os medicamentos atuam na plasticidade cerebral, contribuindo para que as conexões sejam reabertas, facilitando novas apreensões, porém, utilizadas sem psicoterapia, podem não ter efeito algum, ou efeito limitado, considerando que o acompanhamento com um psicólogo será primordial para mudanças na situação de vida e escolhas do paciente, ação que o manejo químico não realiza.

- Em relação às crianças, houve um crescimento do consumo de ritalina, direcionada a crianças com o TDAH (déficit de atenção). Na sua opinião, é recomendável? Que possíveis implicações o uso desse tipo de remédio poderia ter em uma criança e em um futuro adulto?
Psicóloga Mayara AlmeidaCostumo avaliar bem, antes de concordar com o uso de medicações, principalmente na infância, pois vejo que muitas vezes, as instituições, pais e familiares, desejam fortemente, amordaçar as inquietações humanas. Quando for realmente necessário, ok; caso contrário, sejamos mais criativos para não transformar em doença, o que é subjetivamente humano.

- Não é incomum ouvir falar que muitas pessoas passaram a utilizar remédios como o Prozac (nos anos 90) e o Rivotril como inibidores de ansiedade ou aliviadores de estresse. No entanto, que tipo de implicações esses medicamentos podem ter em pessoas que teoricamente não teriam um quadro patológico para utilizá-las? E sobre o consumo dessas substâncias por pessoas que tiveram frustrações ou tristezas da vida adulta? Como você vê isso?
Psicóloga Mayara AlmeidaAs medicações podem desenvolver dependência, principalmente em pessoas que possuem alguma predisposição para tal. Não recomendo a utilização sem acompanhamento médico, pois podem existir reações relacionadas ao uso indevido e influenciar num quadro de síndromes e transtornos posteriores à medicação. A dor subjetiva, angústia ou tristeza não podem ser cuidadas com medicação, é preciso enfrentamento e acompanhamento emocional diante das questões que incomodam.

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9 de ago. de 2014

Um comentário :


Ah sim, eu sei que sim. Estilizo-me com sexo verbal, fazendo amor com as palavras me tocam. Que contam. Que me acham. Sim, as palavras me encontram e mesmo incertas, são acertos para mim. Aliviam, quase curam, só não, porque é da ordem do impossível a tal cura pela palavra. Pouco penso se erro, pouco lembro. Esqueci o que eu estava dizendo. Verdade, não minto. Ou sim? Dizem que são fortes os que mentem. Pois sou fraca demais para agir assim. Eu sei. Meu quarto tinha chave, ou tem. Não sei se joguei fora ou se guardei aqui (dentro) de mim. Engoli. Assim como faço quando o telefone não toca e eu não falo. Silêncio, por horas e horas e horas. A noite começa e eu não vou fugir. Firme nas memórias afetivas que me dizem para continuar acreditando no que for prometido com prazo para cumprir; porque nem só de lembranças vive o homem ou a mulher. Passarinho longe do ninho? Bom mesmo para alcançar novos voos. E voo com as palavras, que não me curam, mas me salvam sim. Eu sei. E desejo que vocês também salvem-se assim.

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