12 de jul. de 2013
Houve um abismo entre uma
história perdida e uma vontade esquecida. Havia também três convites ainda
fechados em cima da mesa e uma garrafa de vinho quase impossível de abrir,
quase, pois ela daria um jeito, assim como daria para esquecer o que havia
acontecido na noite anterior. Ou era de dia? Já não lembrava bem, a cabeça doía
como se uma escola de samba tocasse entre seus ouvidos. E tocava... Tocava uma
música baixinho, que vinha do apartamento vizinho: “melhor deixar como está”.
Será?
16 de jun. de 2013
Qual é a da felicidade?
Todos nós temos
opiniões sobre o assunto: senso comum ou cientificamente, “cada um sabe a dor e
a delícia de ser o que é”. Ah felicidade, te fizeram um lugar, mas eu ando,
ando e não chego lá. Terra do nunca, ou o que será? Um desafio te encontrar,
parece que não sei bem procurar. Olha, está lá. Não, é só o vento querendo
brincar. Anda, ali. Não, é só o tempo querendo partir.
Os
dias estão passando e eu preciso saber de ti, que me visita e vai embora, num
jogo de ir e vir. Mas como tu és inquieta, criança ansiosa demais, cansou de
agradar este lado, começa, segue e desfaz. Tua brincadeira desgasta, e eu bem
sei que não é por mau que faz. Mas vê só felicidade, senta aqui do meu lado,
escuta: veja lá como faz, nem todos se divertem com esse teu leva e traz.
Tu
és um mistério no mundo, todos tentam te explicar. Mário Quintana te achou bem
simples, Freud fez questão de complicar; Shakespeare te viu poesia, Lispector
te consumia. Gandhi disse ser caminho o que para Jabor é calmaria. Mas qual é a
tua dona moça, devo ir ou te esperar? Seguir o meu coração ou parar? O Aurélio
tenta ajudar com uma definição: êxito, sucesso, satisfação. Mas pensando bem
felicidade, talvez tu não sejas um lugar ou sinal, mas algo individual, que vai
ganhando um certo espaço, dia após dia; ponho cor e boto laço, e por puro
investimento permanece neste passo.
A
felicidade é uma experiência, medida pelo encantamento que provoca em nós.
Começa aí, começa aqui. Talvez cultivando um jardim no coração, a gente entenda.
“Alea
jacta est.” (A sorte está lançada).
12 de jun. de 2013
De quando eu lembrei que não sabia... E só assim eu soube.
(Para uma pessoa eternamente especial: "Tia Carmelita").
Hoje recebi uma carta. Sim, uma carta. E quem ainda recebe cartas hoje em dia? É, eu recebo. E esta correspondência foi do tipo reconstrutora. Trouxe junto com o envelope verde e cartão colorido, muitas lembranças de uma vida inteira em outros tempos, que contribuíram imensamente para a transformação da garotinha que fui.
Lembrei que um dia eu não sabia de nada que sei agora. Lembrei que não sabia ler, escrever, quiçá construir um texto que tocasse o coração de alguém. Eu era uma criança esforçada, mas, naturalmente, eu ainda estava aprendendo. Lembrei que eu gostava de escrever, brincar com as palavras, recitar nas apresentações da escola e fui incentivada a este comportamento; ainda recordo de um registro em meu caderno que dizia: "parabéns, você vai longe".
Gostei das lembranças. É preciso ser lembrado dos limites, das origens, da caminhada, para que não se perca a humildade e a vontade de continuar.
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