1 de mai. de 2016

Sobre os vínculos no atendimento infantil

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Ele tem 8 anos e foi diagnosticado como autista. Ele igual a mim e a você: vulnerável. Mas tambem é diferente porque não engana, e não sabe se proteger como nós. Aviso que vou abraçá-lo e quando não quer me diz: "pode parar tia"; "não senhora". É um garoto inteligente e que entende de sensibilidades. Não descansa um minuto do Mickey e sua turma. E se cansa rapidamente de barulhos ou sons inesperados. Tocar em sua cabeça significa "você foi muito bem". Ficar com raiva significa afetar o corpo inteiro: mexe os braços, as mãos, as pernas... Já houve um tempo em que as sandálias voavam na sala, tamanha intensidade das suas emoções negativas. Hoje me olha nos olhos e me deixa aproximar-se a qualquer hora. Recebe cosquinhas por 3 segundos e, sorrindo, se contradiz: "não tem graça tia". Não gosta quando interrompo o ritmo das suas ações e por isso não tomo nada de suas mãos, sempre peço. Ele escuta alto e com o ouvido de dentro. Ganhamos, os dois, evoluções em nosso vínculo emocional.

Psicóloga Mayara Almeida 
CRP 13/5938

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