10 de fev. de 2013

Foi quando ouvi aquele disparo...

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Texto para o projeto Bloínquês

Ao som de: Ouça.




Estávamos distantes à algum tempo, longo tempo; mas não suficiente para um esquecimento, não em mim. 

Eu segui a minha vida, ele seguiu a dele e não nos falávamos mais, porque falar aproxima, junta, tece afeto e costura relações. Então a decisão foi silenciar os desejos e planos um dia dispostos no quarto, na sala, na praia, no amor.

Com o tempo, as pancadas de ausência já nem doíam mais, era morada certa para tudo aquilo que fazia sofrer dentro de mim.

Ao anoitecer daquele janeiro, era frio e nada parecia ter sentido... Foi quando ouvi aquele disparo. Mas não, eu não ouvi, estava tão envolvida naquele beijo e naquele abraço que foi ele quem ouviu e disse: se teu disparo for mesmo sincero e de coração, eu te entrego a minha vida, ficarei em tuas mãos. Fiquei estática, não consegui me mover, não consegui responder, mas eu queria dizer que sim.

Sem resposta, houve um leve beijo e a despedida. Agora sim era fim...

E aí sim, pude ouvir o disparo, meu disparo interno, como se gritasse que ele não poderia ir, me deixar, me esquecer, de novo... Um disparo que me acertou por dentro e permaneceu ali.

Morri em mim e acordei, enfim.

Foi quando ouvi o disparo, que agora era intenso, imenso e real...

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