28 de jan. de 2016

Quando o seu colo é o "setting".

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Ele chegou nos braços da mãe. Ela informou que naquela tarde, num dos seus acessos de birra, se jogou no chão e machucou feio o queixo, que por sinal ainda estava manchado de sangue. Olhei pra ele e do braço dela veio para o meu. Em silêncio e com o rostinho assustado. A mãe explicou que tinha saído muito sangue mas já estava melhor. Entramos na sala e informei: hoje vamos descansar um pouco certo? Ele concordou e sentamos na cadeira do papai: ele com a cabeça no meu colo e os braços por dentro, encolhido. Perguntei se queria que eu cantasse uma música, mas disse que não. Perguntei se queria carinho e disse que sim. Em menos de cinco minutos adormeceu profundamente. Eu respeitei o seu silêncio, sono, descanso, necessidade de calmaria. Às vezes, a criança não quer brincar. O grau de comprometimento é tão alto que não há espaço para o lúdico, a imaginação. Então, adormecer e descansar de si mesmo, talvez também seja uma forma de alívio.

Mayara Almeida 

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