27 de mai. de 2012

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Texto inspirado em : "O Voo da Guará Vermelha" - da escritora Maria Valéria Rezende

Ela, na cidade grande, só enxergava o cinza do cimento, via apenas aquilo que desejava ver. Cobrava pelo amor doado e... Doado? Mas se é doação não devia haver cobrança... As pedras não estavam apenas no caminho, mas nos bolsos do rapaz também. Amor de qualquer forma dado, de qualquer forma será pago. Será que a dureza que residia naquela vida era tão forte e arraigada que tinha de ser levada aonde quer que aquele homem fosse? Ele nascera sem nome, não sabia ler nem escrever e o que tinha para contar sobre a própria história eram fatos de abandono e amor que falta. O fato que a gente sempre acha quem queira escutar as nossas dores, e que bom. Contava e recontava para ela a sua história. Falar reorganiza e escrever também. Ele queria aprender a escrever, a se organizar por dentro. Assim, eles continuavam tendo um ao outro, mas contato de almas. Ele adormeceu escutando-a contar uma história e a segurou quando ela precisou de amparo; não estavam mais sozinhos. Até que ponto precisamos do outro ao nosso lado? Satisfazer-se e ir embora? E se houver algo maior que não permite ser possível impedir a despedida? Assim, ela se foi, satisfeita, feito quem fez o que devia fazer. Ele, feito gente que satisfaz, foi em busca de tudo aquilo que é capaz.



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