5 de jan. de 2012

Entre nós, um laço...

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E na imensa vontade de fazer dar certo, mesmo depois de ter vivenciado tantas experiências inconstantes e ameaçadoras sobre o amor, sentia aquele interesse de ser boa para ele, continuar sendo.
Não podia dizer que existia uma relação, apenas contatos, mas que ela cuidava como se fosse tudo. Não haviam outras formas e, ainda mais desmotivante, não haviam possibilidades de “uma vez mais”.
Como dizia no livro do Pequeno Príncipe: “[...] caminhando passo a passo, mãos no bolso, em direção de uma fonte”. Assim, ela seguia, sem cobrar do tempo, sem perguntar demais, apenas aliviando os congestionamentos de sensações e palavras que estavam dentro dela. Seguia no tempo reconhecido possível. Não haviam perdas, nem ganhos, apenas o tempo passando, enquanto ela vivia.
Desse lado do mundo existia uma verdade. Não perfeita. Não absoluta. Mas a verdade dela. E existiam seus aborrecimentos para se defender diante da situação que vivenciava, não apenas por causa da ausência dele, mas pela própria dificuldade de aceitar ausências, demoras e esperas.
Existiam também, percepções distorcidas: a distância tinha essa desgastante habilidade, neste caso, pois o espelho refletia incertezas a dois.
Desejava que ele a ouvisse com atenção, com verdade, mas para isso, era preciso que ela aprendesse a escutar a si mesma. Antes de interpretar os outros, resolver suas próprias dúvidas e aclamar as inseguranças. Era preciso falar sobre si mesma, antes de apontar que a culpa é do outro. E assim, ela seria muito mais clara e certamente, facilmente entendida. Pensava em como aceitar o ritmo dele, que oscilava entre silêncios prolongados e algumas palavras confortáveis. Amor é algo que nos acontece, e ela percebia que ele não poderia naquele momento.

Era urgente aceitar a realidade, a perda da ilusão, deixar que as ações nada mágicas da vida tomem o caminho que têm que ser. Deixar que o outro seja, era esse o desafio.

[Mayara Almeida]

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