2 de jun. de 2017

O “Lugar” dos pais no atendimento infantil

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Os estudos sobre atendimento infantil podem ser reconhecidos desde Freud, seguido por Anna Freud, Melanie Klein, Françoise Dolto, Maud Mannoni e demais autores da contemporaneidade. Mas onde devem estar os pais durante um processo? Em que cena devem aparecer ou como fazer funcionar esta relação? Aqui, vamos considerar e integrar aos pais, a família, responsáveis e/ou evolvidos diretamente com o cuidado psíquico da criança.

Acredito pela prática vivenciada, que é preciso um período de preparação tanto para os pais, quanto para a criança, pois esta, nem sempre contribui com o processo, sem antes perceber que pode confiar e estabelecer um vínculo que foi/é aceito e respeitado pelos pais. Nesta linha de pensamento, o atendimento infantil é um discurso de partes, e todos têm o seu lugar: profissional, criança e pais. 

Observo que existem profissionais que preferem não receber os pais, nem mesmo esporadicamente. Entretanto, é preciso reconhecer que estes têm a necessidade de falar com o psicoterapeuta do filho, já que estão implicados nos sintomas, mesmo que nem sempre reconheçam e assim, é nossa função profissional, também abrir espaços para que os pais ousem falar e revelar o inconsciente. É importante sublinhar a importância da escuta dos pais, embora estes peçam orientações e até seja benéfico apresentar sugestões, mas consciente de que este não é o objetivo principal.

Diante daqueles que solicitam ajuda para uma criança, estamos também diante da problemática própria dos mesmos. A maneira como a criança é esperada antes do seu nascimento, o que vai representar para a família em função da história de cada um, vai chocar-se com as projeções inconsistentes de todos os evolvidos - registro o valor revelador dos fantasmas e projeções dos pais, remontando a até três gerações, de acordo com Dolto.

Para exemplificar, trago um trecho de uma experiência, que ilustra situação semelhante: “No dia e hora reservados para o atendimento da criança - haviam acontecido apenas dois encontros - quem estava lá era outra integrante da família, apresentando o discurso: ‘preciso muito falar com você’. Recebi porque, certamente, algum sintoma poderia ser revelado e logo descobri que a criança só soube que não viria à sessão, próximo ao horário habitual. Fiz a escuta e, ao final, combinei que seria possível conversar novamente, mas com aviso prévio, para não comprometer a sessão e o combinado de que antes de conversar com alguém da família, eu e a criança, precisaríamos saber e autorizar. Este fato foi um obstáculo importante para o andamento do processo, pois a criança não gostou de ter seu horário substituído, e rejeitou o tratamento por um período significativo, até que novamente costuramos a confiança e os limites dos familiares. Outro fato importante neste caso, foi que a familiar atendida, que queria, talvez, me aprovar, tornou-se uma incentivadora do processo, motivando a criança a não interrompê-lo”.

Algo a refletir é sobre o discurso utilizado diante dos pais, informando que “precisam de psicoterapia por causa do filho”. Esta fala comunica um incentivo à dependência, pois são os pais que têm de assumir a sua vida e responsabilizar-se pelas dificuldades subjetivas em seu próprio nome. 

Assim, ao receber os pais ou familiares para uma entrevista, devemos ouvir o que eles têm a dizer, tentando também relacionar com o tratamento do filho, e assim, ajudá-los a redimensionar as dificuldades da criança e a reconhecer a possibilidade de ressignificar os próprios problemas. Se os pais estão implicados no sintoma do filho precisamos, então, ajudá-los a começar um certo questionamento de suas dificuldades e reconhecer que estarão sempre presentes através do discurso da criança. Sim, os pais tem um lugar no processo de psicoterapia infantil e precisam ser/se sentir bem-vindos.

Quem são essas crianças, razidas pelos pais ao consultório? E quem são esses pais, em sua maioria mães, que trazem as crianças como problemas?

Trazer a criança ao  analista infantil, muitas vezes, desperta o sentimento de impotência por precisar contar com um terceiro para intervir na relação familiar.

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27 de mai. de 2017

Livro Digital - Contos de Fadas e a Construção da Identidade Infantil

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Os Contos de Fadas têm facilitado, à gerações, o desenvolvimento emocional de crianças ao redor do mundo. A segurança de estarem, de alguma forma, dentro de um livro, o fato dos personagens viverem em terras distantes e o conhecido final feliz, trazem a segurança necessária para que se entreguem às emoções e elaborem seus próprios conflitos. 

Neste livro digital, compartilho um estudo sobre os contos de fadas e a construção da identidade infantil. Uma pesquisa com teoria, sequência das atividades e reflexões pertinentes, para informar e inspirar a prática.

Publico alvo: Profissionais que atuam com crianças, literatura, leitura ou escrita e, ainda, adultos interessados na temática.

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Mayara Almeida
Psicóloga - CRP 13/5938
www.mayaralmeida.com.br

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23 de mar. de 2017

More sozinho, mas não vá muito longe...

Um comentário :

Outro dia, conversando com um jovem recém chegado nesta que chamamos de vida adulta, ouvi um relato incomodado por ainda estar morando com a família; queria liberdade e privacidade; queria lavar a louça a qualquer hora ou nem lavar e não se preocupar com a roupa suja. Claro, sei que em inúmeras famílias as relações são delicadas e estar longe é até mais saudável, mas aqui, refiro-me ao desejado lugar comum onde as pessoas se respeitam. Sobre o jovem, ele disse que eu não sabia o que era difícil porque não morava mais na casa da família. Sim, não mais, porém, já estive neste lugar.

E todos nós já desejamos - em segredo - o desaparecimento momentâneo de alguns membros da família... Até que sentimos saudades e nem sempre assumimos. Sim, é bem verdade que esta saudade mobiliza-se quando percebemos que o café não se faz sozinho, a louça não é descartável e, portanto, precisa ser lavada para que você possa servir um alimento agradável num prato que não vai se rasgar... E a roupa - isso é mesmo triste - precisa ser limpa semanalmente e, algumas vezes, até costurada (tragédia para quem usa camisa de botões). Quem fará isto, senão, você mesmo ou serviços terceirizados, quando não se tem um familiar que se importa com você por perto? Custa tempo e dinheiro, nem sempre sobrando.

Sair de casa e a vida será perfeita: uma cilada. A distância nem sempre permite encontros trimestrais, quiçá mensais, pois há horário para chegar e partir. A vida adulta nos engaiola; compromissos, tempos de urgência, planos e prazos; a louça, a roupa, os botões, a alimentação... Crescer e amadurecer nos exige equilíbrio, que é aprendizado diário e, portanto, precisamos da família para estabelecer e estabilizar nossos excessos. 

Sim, sugiro que você saia de casa, assim que for possível e saudável: estudo, trabalho, casamento... É muito bom construir a própria rotina. Mas aqui vai a cereja do bolo: não se afaste demais: 50 metros é suficiente; ok, 100 metros no máximo. Afinal, não há contra-indicações para bons afetos... E claro, é sempre bem-vindo, um apoio humano na tão sonhada rotina independente. 

PS: Tem uma louça suja e indesejada me encarando e eu fiz a unha pra tentar adiar... Quem nunca? Hahaaa.

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8 de mar. de 2017

E se, no mundo, só existissem mulheres?

9 comentários :

No dia internacional da mulher, escrevo para todos, pois acredito que um entendimento positivo precisa alcançar pessoas, independente de gênero. 

Num dia onde nós, mulheres, receberemos elogios, flores, mensagens e ações diversas, gostaria de conversar sobre um mundo sem homens. Mas por que? Porque ouço e percebo que há uma grande voz social atuando com exclusões de gênero desnecessárias - considerando as minhas reflexões sobre o assunto. Ser mulher não significa afastar outras pessoas (neste caso, homens) pois a nossa vida, por vezes é um slickline (modalidade esportiva na qual o objetivo é a manutenção do equilíbrio sobre fitas amarradas em árvores) e daí, a necessidade de vivermos em 

Perguntei à alguns homens e mulheres: "O que acha de um mundo sem homens?". Eis as respostas:

●"Um mundo com mais companheirismo entre as mulheres, menos competição e valorização de si mesmas pelo próprio feminino... Porém, não seria o mundo ideal, pois o ideal são os gêneros diferentes estão em equilíbrio". [Mulher]

●"Como também sou homem, creio que a minha existência seria reprimida e jamais iria existir alguém como eu para uma mulher amar e ser amada, sendo assim seria uma vida vazia para ela e sempre iria estar sentindo a falta de algo, eu!". [Homem]

●"Acho que fica menos plural, menos cortês e elegante. Menos romântico e atraente. Com menos gente, menos cor e diversidade". [Mulher]

●"Mesmo com os avanços contemporâneos em que dispomos do incremento das máquinas e a tecnologia da internet das coisas, acredito não ser inteligente um mundo sem homens, da mesma maneira, sem mulheres. Cada qual exercendo seu papel complementa associando ao outro nas missões que lhes cabem. Acredito ainda, que resta equilibrar com serenidade as relações afim de encontrarmos um estado maior de vibrações possíveis à melhor relação dos seres como pessoas, para um salto ao mundo moral necessário à caminho da luz [...] Um mundo onde pessoas se amem sem rótulos ou diferenças. Para isso precisamos de mulheres e homens". [Homen]

●"Acredito  em uma sociedade sem gêneros - permeadas por valores como : caráter (integridade) física, mental e espiritual. Não há espaço para gênero". [Homen]

●"Inviável". [Homem]

●"Seria um mundo que logo se tornaria sem perspectivas e sem graça alguma, pois  a mulher não conseguiria viver sem ter os momentos de alegrias que nós homens companheiros proporcionamos, tanto no  lado  pessoal e profissional e também não teriam as dores de cabeças que alguns homens causam. Enfim, homens e mulheres se completam". [Homem]

●"Na verdade, nunca pensei sobre isso.. talvez pq imagino um mundo onde todos podemos ser quem quisermos; onde homens e mulheres possam viver e conviver com suas diferenças, sem que isso seja um problema". [Mulher]

●"Seria desestimulante. Saber que não poderia ter os olhos que nos admira, o sorriso que nos encanta e os abraços que nos conforta, daria um certo tédio. Sobreviver, com certeza, conseguiríamos, mas que graça teria ter tudo, sem ter um parceiro, um irmão, um tio, um pai...". [Mulher]

Estas respostas, me levaram a uma unidade nas reflexões: pessoas que não se conhecem ou não têm convivência, sao de gêneros diferentes e desejam um mundo equilibrado, pois temos sede de caminhar ao lado, não atrás ou à frente. Não um mundo igual, mas com disponibilidade para ressignificar as diferenças. É, falta agora assumirmos isto e não alimentar uma autosuficiência que não se sustenta de maneira saudável. Queremos pessoas do bem e para o bem. Homem ou mulher, que sejam humanos, enfim! Pois a questão não parece ser o gênero em si, mas as escolhas que fazemos, todos nós. O que você anda escolhendo defender por aí? [Esta reflexão é profunda, e não pretendo encerrá-lá por aqui, apenas te convido a refletir, se você se permitir].

PS: Agradecimento especial ao amigo que me inspirou o  texto, ao parceiro que tem compartilhado a vida comigo e às pessoas que se dispuseram a parar um pouco a vida corrida, pensar e escrever sobre o assunto solicitado. Ah! E feliz vida às mulheres! Lembrando que o futuro é unisex. 

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